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Brasil compra 25 mil toneladas de trigo nos EUA

O motivo da procura se deve à escassez na Argentina, tradicional fornecedor


Reuters - A importação de 25 mil toneladas de trigo norte-americano do tipo vermelho duro de inverno pelo Brasil ("HRW"), relatada nesta sexta-feira (06-07) pelo governo dos Estados Unidos, é apenas a primeira de uma série que os moinhos brasileiros devem realizar no segundo semestre de 2007, disseram fontes do mercado. O motivo da procura pelo trigo dos EUA se deve a uma escassez do cereal na Argentina, tradicional fornecedor do Brasil. O parceiro comercial do Mercosul, que costuma exportar aos brasileiros a custos mais baixos, com uma isenção tarifária, está na entressafra.

Assim como a Argentina, o Brasil também está na entressafra e não há produto no mercado interno para atender a demanda dos grandes moinhos. A safra brasileira começa a ser colhida no final de agosto, e a argentina, em novembro. "As 25 mil são apenas a pontinha do iceberg", disse o responsável pelas compras de trigo de um moinho brasileiro com atuação no Nordeste, observando que as grandes empresas nacionais terão de buscar o cereal nos EUA ou no Canadá.

O negócio atípico com os EUA ocorre em um momento em que os preços internacionais estão próximos dos patamares mais elevados em 11 anos, com estoques mundiais baixos. "Ouvi falar de alguns barcos (de trigo dos EUA)... Deve ter mais alguma coisa para carregar, o Brasil vai precisar de mais, vai ter que trazer porque na Argentina não tem", acrescentou a fonte, que pediu para não ser identificada. "Pena para quem está trazendo, pois está saindo caro", afirmou.

Segundo a fonte, o negócio deve ter sido fechado a 235 dólares por tonelada (base FOB). E somando-se a esse valor a tarifa de importação para compras fora do Mercosul, mais o imposto de Marinha Mercante, o produto posto no porto deve ter custado ao redor de 315 dólares por tonelada, 15 dólares a mais do que custaria um trigo argentino. "O problema é que agora não tem argentino."

Uma outra fonte do mercado concorda que o Brasil precisará importar um volume maior dos Estados Unidos ou do Canadá nesse período de entressafra no hemisfério sul, e ela estima em cerca de 600 mil toneladas/mês a demanda brasileira. "Não é uma questão de preferência pelo trigo norte-americano, é uma questão de necessidade", comentou a segunda fonte.

Os registros de exportação na Argentina, onde o Brasil faz quase todas as suas compras normalmente, estão suspensos há meses, em função da baixa oferta no país, e as cotações argentinas estão nominais. Em maio, o Brasil havia comprado 9 mil toneladas de trigo dos EUA, mas do tipo "soft", um produto de uso mais restrito, utilizado na fabricação de farinha para biscoitos. O cereal duro ou "hard red winter" ("HRW"), adquirido pelo Brasil recentemente, é usado para a produção de farinha de panificação, mais utilizada no país.

Em junho, moinhos do Nordeste brasileiro compraram ainda ao menos 80 mil toneladas de trigo do Canadá, segundo confirmação oficial da Canadian Wheat Board (CWB), outro sinal da oferta escassa no principal fornecedor brasileiro. Fontes do mercado acreditam que o volume já comprado do cereal canadense seja maior, em torno de 125 mil toneladas.

Algumas fontes acreditam que o Brasil terá de comprar, ainda este ano, pelo menos 1 milhão de toneladas de trigo fora do Mercosul, provavelmente dos EUA ou Canadá. "Não sei se vai chegar a 1 milhão, depende de como os caras estão cobertos (estocados), mas dizem no mercado que já estão compradas 450 mil toneladas de trigo americano ou canadense, e nós só estamos em julho", disse a primeira fonte. Em 2006/07, devido a uma quebra de safra, o Brasil voltou a figurar como o maior importador mundial de trigo.

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