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Brasil compra trigo dos EUA e mercado prevê mais negócios

O Brasil comprou 51 mil t de trigo americano, e mais carregamentos do cereal dos EUA devem chegar ao país neste ano


O Brasil comprou 51 mil t de trigo americano, segundo reportou nesta quinta-feira o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), e mais carregamentos do cereal dos EUA devem chegar ao país neste ano, disseram dois corretores.

Em função de uma menor oferta na Argentina, cuja safra passada foi afetada por uma seca, e também com o suprimento do cereal da última colheita do Uruguai caminhando para o fim, os importadores brasileiros começam a se mexer em direção ao produto americano.

"Os moinhos de São Paulo vão ter que comprar entre 100 e 150 mil t de trigo hard (dos EUA), para não dizer 200 mil t", disse um corretor do Rio Grande do Sul que pediu para não ser identificado.

Com preços competitivos com o produto do Mercosul, região que está no pico da entressafra, o trigo dos EUA passa a ser uma boa opção apesar das taxas de importação, especialmente para se fazer mescla com o produto brasileiro que começa a ser colhido em agosto/setembro, de acordo com a fonte.

Para uma empresa no Brasil importar o produto de fora do Mercosul, há uma taxa (TEC) de 10% sobre o custo da matéria-prima, incluído o frete. Se ela está localizada no centro-sul do Brasil, a companhia ainda tem que pagar uma taxa de 25% sobre o valor do frete (Adicional da Marinha Mercante).

Segundo o corretor, com a escassez sendo mais sentida agora também no Uruguai, que vinha abocanhando neste ano algumas vendas ao Brasil que antes eram feitas pela Argentina, tradicional fornecedor aos brasileiros, negócios com o produto americano também ficam mais prováveis.

Os preços do trigo uruguaio, por exemplo, estão em torno de US$ 260 (FOB), acima dos valores do trigo "hard" dos EUA, onde a colheita está ocorrendo e pressiona os preços.

"Acho que ainda vão fazer mais (importações), especialmente de trigo hard", disse um segundo corretor, em São Paulo, citando uma menor oferta nos países vizinhos ao Brasil.

Segundo informe do USDA, o Brasil comprou na semana passada 25 mil t de trigo "hard" de inverno e 26 mil t do cereal "soft" de inverno, os primeiros negócios com o produto americano feitos neste ano. O segundo corretor afirmou que o destino desse trigo é o Estado de São Paulo, principal consumidor nacional.

Apesar do potencial para novos acordos com o produto dos EUA, as fontes são unânimes em afirmar que as importações brasileiras serão menores do que as verificadas em 2008, quando o Brasil comprou aproximadamente 900 mil t do produto americano.

Isso pode ser explicado porque o Brasil, que não é autossuficiente em trigo, ainda conta com alguma oferta de uma grande safra colhida no ano passado, embora o mercado nacional esteja pedindo valores que, com o produto posto no moinho, equivalem-se ao preço do cereal importado.

Trigo do Canadá
Uma fonte da indústria afirmou ainda que novos negócios com trigo do Canadá este ano são improváveis.

"O canadense deve ter vendido tudo o que ele queria. O trigo que ele tem da safra velha agora é o mais caro", declarou a terceira fonte, estimando em cerca de 200 mil t o volume dos negócios já feitos com o Canadá este ano.

O trigo canadense está a caminho do Brasil. Nos dados até junho, o Ministério da Agricultura ainda não havia registrado a entrada do produto daquele país.

No ano passado, o Brasil comprou no Canadá 270 mil t de trigo.

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