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Brasil é apontado como grande promessa na produção e abastecimento mundial de alimentos

Brasil terá papel central para produzir alimentos a partir de estratégias mais precisas para lidar com as mudanças climáticas


A afirmação veio do representante da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO do Brasil), durante o segundo encontro do Simpósio Regional em Agronegócio e Conservação do Cerrado, realizado em Barreiras (BA)

A projeção que no ano de 2100 o número de habitantes do planeta chegará a 11,2 bilhões de pessoas (hoje são 7,5 bilhões), desperta em pesquisadores e estudiosos a busca constante por alternativas para suprir as necessidades alimentares deste contingente humano. Evitar desperdícios, produzir com sustentabilidade e reduzir o número de subalimentados, hoje, na casa dos 821 milhões, é um desafio. E com base em um propósito único, a produção e o abastecimento de alimentos com segurança, sustentabilidade e o mínimo de desperdício, que as associações Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa), Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba) e a Universidade Federal do Oeste da Bahia (Ufob), se juntaram para um amplo debate sobre o tema agronegócio e conservação do cerrado.

Um primeiro encontro, realizado em setembro, abriu as discussões e na última quinta-feira (11), um novo momento trouxe importantes temas à tona, com enfoque maior para a agricultura familiar. Dentre os convidados, o representante da FAO no Brasil, Alan Bonjic e o diretor de pesquisas do Instituto Water for Food, da Universidade de Nebraska, nos Estados Unidos, Christopher Neale, que participou ao vivo, por meio de videoconferência. Bonjic ofereceu informações atualizadas sobre a fome mundial e pontuou estratégias para lidar com a crescente necessidade por alimentos em todo o planeta. “É possível sair dentro de cinco a seis anos deste problema da fome mundial que tem só na Ásia (Índia e China), 515 milhões de subalimentados. O Brasil terá papel central para produzir alimentos a partir de estratégias mais precisas para lidar com as mudanças climáticas e com uma agricultura resiliente, com sustentabilidade”, disse.

Já o professor Christopher Neale apresentou um ‘case’ desenvolvido na Etiópia que mostra que é possível a prática agrícola com a utilização de projetos simples de irrigação, a baixo custo. O projeto da Aiba e Abapa em parceria com a Universidade Federal de Viçosa (MG) e a Universidade de Nebraska que estuda o potencial e uso do Aquífero Urucuia, com sustentabilidade, no oeste da Bahia, foi outro foco do pesquisador. “Uma das atividades deste projeto é oferecer suporte técnico para os pequenos produtores da região com a implantação do pivô compartilhado, além de garantir apoio e orientações sobre o uso sustentável e correto da água em áreas de distritos de irrigação, por exemplo,” explicou. Segundo ele, o ‘Consorcio Circles’ será um prática possível na região oeste.

“O estado da Nebraska é o número um em agricultura irrigada no mundo, chegando a alcançar, em alguns pivôs, a produtividade de 17 toneladas por hectare. Este sistema de irrigação consorciada permite que um único pivô possa ser utilizado por múltiplos usuários. Isso se reverte diretamente na melhoria da qualidade de vida, principalmente para os pequenos, com benefícios diretos a estas comunidades”, explica.

Aziz Galvão, pesquisador da Universidade Federal de Viçosa, um dos coordenadores do estudo do Aquífero Urucuia destacou o caráter inovador da proposta. “O projeto é inédito. Não é comum uma pesquisa nestes moldes ser financiada por produtores, envolve parcerias, o setor público, e a universidade de Nebraska. É a prova da preocupação dos produtores do Oeste pelo desenvolvimento de uma agricultura sustentável e séria. Fundamental ainda para o fortalecimento da agricultura familiar, considerando que 85% da agricultura praticada no Brasil são de responsabilidade dos pequenos produtores”, destacou, reforçando o caráter social inserido na proposta, que se encontra em andamento, com uma série de ações já realizadas no oeste baiano.

Representando as instituições Aiba e Abapa, o vice-presidente da Aiba, Luís Pradella fez uma avaliação positiva do evento que voltou às atenções às ações de fortalecimento da agricultura familiar, e, além do encontro na Ufob, reservou o dia de sexta-feira (12) para visitas técnicas na região Unidade de Conservação APA Bacia do Rio de Janeiro, cujo o plano de manejo tem sido apoiado também pelos produtores. Na oportunidade foram visitados atributos ambientais como a Cachoeira do Redondo, empreendimentos rurais, incluindo visita à comunidade de pequenos agricultores do Retiro e São Vicente no Val do Teiu. 

“Durante estes encontros ficou claro que é possível produzir com sustentabilidade, e nós, como associação, não fazemos a distinção entre pequenos e grandes. O que existe é uma diferença de escala, todos têm o objetivo de produzir alimentos com qualidade e respeito ao meio ambiente”, falou Pradella.  Ainda durante o Simpósio foi assinado um acordo de cooperação técnica com o Parque Vida Cerrado para condução de ações de educação ambiental associadas ao Projeto de Preservação e Recuperação de Nascentes na região Oeste, que é uma parceira da Aiba, Abapa e instituto Brasileiro do Algodão (IBA).

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