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Brasil e Argentina unem força na batalha agropecuária


Brasil e Argentina anunciaram ontem (10-03) que vão definir estratégias conjuntas de produção e de negociação no difícil mercado mundial de produtos agrícolas, em uma tentativa de deixar para trás antigas diferenças comerciais. Ministros dos dois países disseram que vão criar um foro para resolver disputas comerciais sobre bens agropecuários e que nesse âmbito se decidirá como negociar lado a lado perante a Organização Mundial do Comércio (OMC) e o projeto da Área de Livre Comércio das Américas (Alca).

Ambos países estão entre os principais produtores e exportadores agropecuários do mundo e concentram 40 por cento da colheita global de soja. A produção conjunta da oleaginosa deve superar nesta temporada a dos Estados Unidos pela primeira vez na história. Argentina e Brasil são os principais sócios do Mercosul, que também inclui Uruguai, Paraguai e, como membros associados, Chile e Bolívia.

"Nos colocaremos de acordo sobre assuntos técnicos (...) defesa sanitária, negociação na Organização Mundial do Comércio, Alca, União Européia e Mercosul", disse o ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, durante uma entrevista coletiva na Argentina. O Mercosul foi criado em 1994 e lentamente foram anuladas as tarifas para o comércio entre os países membros, o que gerou protestos de produtores em certos setores pedindo proteção estatal. "Vão ser tratadas estratégias permanentes para o Mercosul em termos agrícolas, que nós vamos produzir, que vão acontecer com o frango, com o açúcar, com o trigo e no longo prazo", acrescentou Rodrigues.

"A questão é sair do discurso e da prática solitária para entrar numa prática solidária", acrescentou. O foro, que vai se chamar Conselho Agropecuário do Sul (CAS) será integrado pelos seis membros plenos e parciais do bloco comercial, conforme explicou o ministro argentino da Produção, Aníbal Fernández. A iniciativa será lançada em abril, quando técnicos e ministros dos seis países da região vão se reunir em São Paulo para debater e definir "estratégias permanentes para o Mercosul" sobre questões sanitárias, de produção e vendas de matérias-primas agropecuárias, explicaram os ministros.

Os ministros afirmaram que planejam a criação de uma empresa para vender de forma conjunta matérias-primas agropecuárias no mercado internacional, e indicaram que ainda não está definido se a empresa seria binacional ou se integrará outros países do Mercosul. "O objetivo é sair a vender juntos ... A missão do conselho (CAS) será dar uma direção e regras, mas será uma empresa privada ... A idéia é dar aos agricultores uma empresa para eles", disse Rodrigues sem acrescentar detalhes.

O trigo é um dos produtos-chave nas negociações de ambos países, já que a Argentina é o principal vendedor dos 7,0 milhões de toneladas que o Brasil compra anualmente para abastecer sua demanda interna. Nesse sentido, o ministro brasileiro apontou que o país, maior importador de trigo do mundo, estuda possíveis modificações tarifárias para a importação do cereal, mas que continuaria privilegiando as compras da mercadoria argentina.

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