CI

Brasil já é o "maior dos menores" exportadores de arroz do mundo

Os principais clientes do Brasil são os africanos, com Nigéria, África do Sul e Senegal na dianteira


São Paulo - Tradicional importador de arroz, o Brasil ganhou espaço nos últimos anos também como exportador do cereal, que tem o comércio internacional amplamente dominado pelos produtores do leste asiático. Agora, o país caminha para se consolidar como exportador, assumindo o papel de "maior entre os menores".

"O Brasil agora briga com Uruguai, Argentina, Egito, Mianmar e Camboja. Hoje, só temos pouco acesso ao mercado do Oriente Médio, que é pouco expressivo", afirma Marco Aurélio Tavares, vice-presidente de mercados da Federação das Associações dos Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz). Fora da Ásia, apenas os Estados Unidos figuram entre os grandes exportadores mundiais de arroz.

O Brasil tornou-se o oitavo colocado nesse ranking em 2008, quando foram embarcadas 790 mil toneladas. No primeiro semestre de 2009, as vendas ao exterior atingiram o volume recorde de 435 mil toneladas, um aumento de 80% em comparação com o mesmo período de 2008.

Os principais clientes do Brasil são os africanos, com Nigéria, África do Sul e Senegal na dianteira. No total, os países africanos respondem por 65% das importações de arroz brasileiro. "Estamos fidelizando alguns mercados e ganhando outros, que são mais exigentes com qualidade do produto", disse o dirigente. "A União Europeia já responde por 18% das nossas exportações".

Apesar do forte crescimento dos embarques no primeiro semestre, o setor não acredita em superação do desempenho acumulado em 2008. A maior parte dos embarques realizados no ano passado concentrou-se no segundo semestre, o que não deve se repetir em 2009. Esse movimento pode ser explicado, em grande medida, pela taxa de câmbio. O real valorizado torna mais caras as cargas para os compradores do exterior.

A previsão da Federarroz é de embarques de até 700 mil toneladas até o fim de 2009 - a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê 600 mil toneladas. As importações, segundo a Federação, deverão chegar a 800 mil toneladas. Esse saldo negativo de 100 mil toneladas deve "equalizar" bem os preços no mercado interno, avalia Tavares.

A estratégia de estimular as vendas ao exterior, deflagrada há quatro anos, tem como um de seus nortes justamente o equilíbrio dos preços no mercado interno, de acordo com o dirigente. "Com as exportações, o mercado está criando seu 'hedge', uma sustentação dos preços em níveis que sejam remuneradores para o produtor. A oferta se equilibra", diz.

No Rio Grande do Sul, principal produtor e exportador do país, os preços recuperaram-se nos últimos 30 dias, segundo o vice-presidente da Federarroz, para patamares entre R$ 28 e R$ 30 por saca. "Agora o mercado está com mais liquidez. Há fluxo de operações da indústrias, o que não estava ocorrendo com muita força antes de junho", disse.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.