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Brasil mantém ímpeto exportador no arroz mesmo com safra menor

Segmento registra sucessivos superávits na balança comercial do cereal


Foto: Eliza Maliszewski

A cadeia produtiva do arroz brasileiro vem se consolidando na exportação do produto, desde que incrementou a operação a partir do final da primeira década de 2000, alcançando o maior volume no ano comercial 2018/19 (março de 2018 a fevereiro de 2019), com 1,7 milhão de toneladas, base casca. No último ano, com menor produção, a venda diminuiu em 20%, mas ainda ficou bem acima de 1,3 milhão de toneladas, e para o próximo período, em início de junho, projetava-se novo acréscimo, pelo bom desempenho que vinham tendo as operações. Ainda no período 2019/20, houve aumento nas importações, o que não impediu que se obtivesse novo superávit na balança comercial.

O resultado de 2019, apesar da menor safra e disponibilidade, encontra explicação no dólar valorizado, no mercado internacional favorável, na qualidade do produto brasileiro e no foco estratégico na exportação, avaliou Marco Aurélio Tavares, diretor de mercado da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), em janeiro de 2020, analisando então os dados do ano civil. Já em novo período comercial, o desempenho no primeiro trimestre (março a maio de 2020) mostrava novamente superávit “em consequência da boa condição competitiva imposta pela valorização cambial”, reiterou Tiago Sarmento Barata, diretor executivo do Sindicato da Indústria do Arroz no Estado (Sindarroz-RS), em junho.

O executivo do Sindarroz já em maio enfatizava o bom movimento de abril e que “a desvalorização do real deu mais competitividade ao arroz brasileiro”. Entre março e maio de 2020, comparando com o mesmo trimestre de 2019, as exportações cresceram na ordem de 13,2%, alcançando 483,2 mil toneladas, com saldo positivo de 239,2 mil toneladas sobre as importações, que ficaram em nível semelhante ao do período anterior (244 mil t). O superávit deste ano foi 56,6 mil toneladas maior ao do ano anterior e, para todo ano comercial, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) já projetava novo saldo favorável (400 mil t), “com perspectiva de forte demanda internacional e preços competitivos”.

O diretor Tiago, do Sindicato da Indústria do Rio Grande do Sul, de onde procede mais de 90% da exportação brasileira, coloca em destaque ainda que, além do câmbio, o trabalho estruturado de qualificação da indústria de arroz e dos exportadores, assim como a valorização da qualidade do produto brasileiro, é fundamental para o crescimento das exportações do cereal, em meio a um cenário de pandemia enfrentado no período. “Neste momento, em que o planeta inteiro precisa de alimentação nutritiva e acessível, o Brasil, que tem o mais importante polo de beneficiamento de arroz do mundo fora do continente asiático, está cumprindo com sua função no abastecimento, suprindo grande parte das necessidades da população brasileira e de outros mercados”, afirmou.

ARROZ DO BRASIL

O arroz brasileiro foi embarcado para cerca de 115 países no último ano comercial (2019/20), destacando-se nas compras Venezuela, Senegal, Peru e Gâmbia, e continua buscando novos mercados. Ao avaliar o desempenho mais uma vez favorável no início do novo ciclo comercial, Gustavo Ludwig, gerente do Brazilian Rice, projeto da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), em parceria com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), assinalou que estão sendo colhidos “os frutos de anos de esforços para abertura e consolidação de mercados internacionais por meio das ações do Brazilian Rice”. Observou que, no caso do Peru, a promoção comercial iniciou em 2014 e hoje o país já é o principal destino do arroz beneficiado do Brasil.

O produto beneficiado corresponde ao redor de 36% do total exportado. A maior parcela é de “quebrado, farinha e farelo” (46%), enquanto “casca” representa 18% e “descascado” o restante. Em maio de 2020, as exportações envolveram mais arroz em casca (47%), tendo como destinos principais Venezuela, Montenegro, Turquia e Costa Rica, e o beneficiado  atingiu 40%, mais demandado por Peru, Venezuela, Cuba e África do Sul. Em relação a novos mercados, Tiago Barata, do Sindarroz-RS, destaca o início de operações com o México e a importância maior que devem assumir Nigéria, Oriente Médio, Irã, Iraque e Turquia.

Em relação ao México, o projeto Brazilian Rice reforçou ações no início de 2020, com apoio do governo, desenvolvendo missão prospectiva em fevereiro e participação em feira no final de março. Elton Doeler, presidente da Abiarroz, salientou então que o projeto busca expandir as fronteiras do arroz brasileiro para novos mercados. Lembrou tratativas recentes feitas em outros países e reforçou o direcionamento agora dado ao mercado mexicano, que importa 80% do arroz, buscando assim atender parte desta demanda. “Temos produto de excelente qualidade e um setor muito forte no cultivo e no beneficiamento, e queremos nos tornar um exportador de peso no mercado internacional”, concluiu.

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