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Brasil perde produtores de Feijão e arrisca a segurança alimentar

"Condescendência de todos no mercado causa prejuízos incalculáveis. É cada um por si..."


Foto: Marcel Oliveira

Na avaliação do Ibrafe (Instituto Brasileiro do Feijão e Pulses), a semana foi “ótima para os produtores”, que mantiveram o viés positivo dos preços de todos os Feijões. “Ao valorizar mais lentamente nos últimos 15 dias, há um sensação de alívio por parte de quem arriscou investimentos vultuosos para produzir. Mas desabafos como o a seguir nos traz para a realidade que temos vivido e nos fazem pensar para onde nosso setor está caminhando”, afirma a entidade. 

“‘Para mim chega, o risco é grande demais. Vou plantar soja e milho e não quero mais saber de Feijão’ – este foi ontem o desabafo de um produtor que plantou, colheu e vendeu com boa margem, mas disse que não ter como um grupo de maior porte, com executivos à frente da operação, é se expor ao risco de plantar Feijão. Estava surpreso sobre o nível de despreparo dos agentes de comercialização”, aponta o Ibrafe. 

Infelizmente, diz o Instituto, “ele está certo”: “Permitimos que qualquer um com um calador e uma peneira seja ‘especialista’. ‘Classificador é uma coisa, mas o que teve de gente que veio na fazenda a semana passada se dizendo conhecedor de mercado é espantoso, e ainda queriam me orientar a vender por R$ 20/30 a menos do que vendi, afirmando que os preços estavam para cair’”. 

O Ibrafe lamenta que esse procedimento afastou mais um bom produtor que poderia contribuir para o abastecimento de um produto vital para o país e que, gerando excedentes, pode trazer bilhões de dólares na exportação: “É preciso urgentemente enxergar que estamos caminhando errantes para a insegurança alimentar. O Feijão-carioca prosseguirá ora sobrando e quebrando produtores, ora faltando e desestabilizando os orçamentos do brasileiro. Condescendência de todos no mercado causa prejuízos incalculáveis. É cada um por si no mercado de Feijão”. 

“Há produtores que preferem o mercado sem nenhuma previsibilidade, pois se em cinco tentativas acertarem 3 está muito bom. Do outro lado, empacotadores que, apesar de estarem prensados cada vez mais entre quem produz e quem consome, se sentem paralisados diante de crescentes exigências do mercado. Qual será o tamanho da crise que teremos que enfrentar para que se entenda que precisamos de planejamento para que tenhamos previsibilidade e equilíbrio no setor?”, questiona o Instituto, que é presidido por Marcelo Lüders.

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