CI

Brasil pode usar finanças para transformar sistema alimentar

Acelerando o financiamento para uma agricultura sustentável no Brasil


Foto: Divulgação

A Blended Finance Taskforce, com o apoio da SYSTEMIQ e Partnerships for Forests (uma iniciativa financiada pelo governo do Reino Unido) lançou o relatório “Acelerando o financiamento para uma agricultura sustentável no Brasil”, em um evento virtual com as importantes lideranças de diversos segmentos do Brasil.

O relatório demonstra como o Brasil pode usar as finanças para transformar seu sistema alimentar, em um cenário que seja positivo tanto para as pessoas quanto para o planeta, ajudando a impulsionar o crescimento econômico, a geração de empregos e, ao mesmo tempo, promovendo a opção de alimentos mais saudáveis, melhorando qualidade de vida das pessoas, protegendo a natureza e respeitando os compromissos climáticos.

Atualmente, o Brasil é o quarto maior produtor mundial de alimentos, porém o sucesso do setor agrícola possui um custo de US$ 300 bilhões a cada ano. Esses custos são resultados de um sistema em que produtores, investidores, comerciantes e os setores público e privado otimizam os recursos individualmente em vez de coletivamente, causando impactos ambientais que por consequência prejudicam a saúde pública e potencializam a pobreza nas regiões rurais.

“Conforme os setores financeiros e corporativos no Brasil adotam estratégias de negócios mais sustentáveis e se comprometem com as emissões líquidas zero, o país ganha potencial para ser um líder global na produção de alimentos positivos para a natureza. Como grande produtor, alimentando 10% da população mundial, o Brasil pode construir uma nova economia verde que seja boa para nossa sociedade, protegendo nossa rica biodiversidade”, afirma Pedro Guimarães, Sócio e Head da SYSTEMIQ na América Latina.

As finanças são uma parte crítica da transição no Brasil que deve mobilizar US$ 21 bilhões por ano em modelos de negócios regenerativos anualmente em 2030. O relatório em questão demonstra oito modelos de negócios positivos para a natureza na fronteira florestal, com foco em iniciativas que resultem em valor a partir de florestas em pé, intensificação sustentável e restauração florestal.

O retorno sobre o dimensionamento desses novos negócios é três vezes superior a necessidade de investimento e pode gerar 8 milhões de novos empregos até 2030. Este relatório identifica as barreiras para transição que produtores, investidores e governos enfrentam atualmente, destacando soluções necessárias para superá-las. O estudo também define ações prioritárias para as principais partes interessadas em todo o sistema alimentar brasileiro - delineando as mudanças sistêmicas necessárias para desbloquear o capital e transformar o sistema atual no país. Nenhum setor pode cumprir esta agenda sozinho, sendo necessária a coordenação e complementariedade entre vários interessados.

“O Brasil pode mudar o paradigma do financiamento de alimentos, criando US$ 70 bilhões em novas oportunidades de investimentos a cada ano enquanto enfrenta os principais custos ocultos do sistema. O país já está na vanguarda da inovação, trabalhando para dimensionar modelos de negócios regenerativos e desenvolvendo produtos e soluções financeiras vinculadas à sustentabilidade. Com base nas recomendações do relatório “Better Food, Better Brazil”, o país pode acelerar essa inovação, tornando-se o modelo global de como financiar a transição para uma economia positiva para a natureza”, afirma Katherine Stodulka, Diretora The Blended Finance Taskforce e Diretora de Finanças Sustentáveis na SYSTEMIQ.

“Precisamos minimizar e redirecionar o financiamento de práticas agrícolas prejudiciais ao meio ambiente, escalonando e acelerando em formatos que são positivas para a natureza. Os investidores e outras representantes do setor financeiro precisam reavaliar os retornos de curto prazo e trabalhar com fornecedores de capital catalítico para reduzir o risco e a incerteza em torno de novos modelos de negócios regenerativos. Também é necessária a complementariedade entre o setor público com os investimentos do setor privado, fortalecendo o ambiente atual, garantindo que a regulamentação ambiental seja devidamente aplicada e empregando capital público para ajudar a agregar projetos e incentivar práticas mais sustentáveis”, afirma Rodrigo Quintana, gerente da SYSTEMIQ Brasil e América Latina.

“Precisamos fazer a transição de nosso sistema alimentar atual. Como ator-chave no sistema alimentar global, o Brasil pode ser um catalisador desta transformação. O relatório 'Better Food, Better Brazil' - com suas recomendações específicas - é um grande exemplo de como a estrutura indicada no relatório “Growing Better” da FOLU pode ser adaptada para o nível nacional”, disse Morgan Gillespy, Diretor da Food and Land Use Coalition e Secretario de finanças da UN Food Systems Summit.

“A Partnerships for Forests (P4F) apoia oportunidades de negócios e modelos de investimento nos quais o setor privado, público e as comunidades locais podem obter maiores retornos, preservando ou restaurando florestas. No Brasil, nosso trabalho é focado especialmente nas cadeias de valor agrícolas, que são os principais motores do desmatamento. Nossa experiência mostra que a ação colaborativa e parcerias fortes são essenciais para catalisar investimentos nesses modelos. Este relatório mostra alguns dos arranjos de sucesso que têm sido apoiados pela P4F no país, fortalecendo o potencial de escalonamento e replicação desses modelos”, afirma Felipe Faria, Gerente Regional para a América Latina da Partnerships for Forests.

"Produzir alimentos e conservar a natureza de forma harmônica é sem dúvida um dos maiores desafios deste novo século.  A SYSTEMIQ Brasil em parceria com a Blended Finance Taskforce e Partnerships for Forests trazem luz e caminhos financeiros para que esse processo seja acelerado e evolua de forma virtuosa nos próximos anos".  Afirma André Guimarães, Diretor executivo do IPAM (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazonia).

João Pacífico, CEO do Grupo Gaia, afirma que “este relatório não é apenas educacional, demonstra também as ações específicas exigidas de financiadores para superar as barreiras existentes para escalar modelos de negócios positivos para a natureza.”

A agricultura e os sistemas alimentares são essenciais para a ação climática global. O Brasil tem a oportunidade de estar na vanguarda da transformação global para um sistema alimentar regenerativo, adaptativo e resiliente ao clima. 

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.