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Brasil quer maior cota na Europa para café solúvel


O Brasil indicou à União Européia (UE) que quer um aumento da cota para suas exportações de café solúvel ao bloco, em razão da entrada de dez novos países na comunidade européia a partir do próximo dia 1º de maio.

A cota atual, de 14 mil toneladas com isenção tarifária, foi uma vantagem aos produtores brasileiros negociada com os 15 atuais membros da UE. Agora, entre os novos sócios, há países que importam bastante do Brasil com tarifa baixa, mas que vão ter de aumentá-la para 9% (alíquota extra-cota) já que a cota atual não os inclui, causando prejuízo para os exportadores brasileiros.

A demanda de Brasília reflete a importância do mercado do Leste Europeu, onde estão os novos membros da UE, para o café solúvel brasileiro. É a única região onde o produto é vendido com marca brasileira, a "Café Pelé". Essa marca tornou-se ainda mais conhecida durante a captura de Saddam Hussein: no seu esconderijo teria sido filmado um saco de café com a marca.

Além disso, a Nestlé prepara-se para inaugurar uma fábrica de café solúvel no interior de São Paulo, com vistas a exportar boa parte da produção para o Leste Europeu. Com alíquota de 9%, sofrerá com a concorrência da Colômbia, Equador e outros países da América Central que têm vantagens em razão do apoio europeu no combate às drogas.

A demanda brasileira também está ligada ao acesso na UE de outros produtos que não estão cobertos por cotas, mas cujas tarifas podem sofrer aumentos. É o caso de açúcar, carnes e outros produtos que têm alíquotas variáveis nos novos sócios.

Nos contatos iniciais, a reação de Bruxelas não foi negativa, mas também foi de que não tem qualquer obrigação nesse sentido.

Hoje, em Genebra, Mercosul e União Européia se reúnem para examinar como compatibilizar as concessões agrícolas européias no plano regional com o que Bruxelas também terá de pagar na negociação na OMC.

Os europeus dizem que só têm "um bolso" para pagar. Querem um acordo com o Mercosul, que poderia reduzir a pressão sobre eles na OMC na questão de acesso a mercado. O problema é que, para o Mercosul entrar nesse tipo de negociação, precisa saber exatamente o que seus exportadores vão ganhar. E Bruxelas não parece em condições, pelo menos no momento, de dar essa resposta.

Recentemente, o comissário europeu Pascal Lamy reconheceu a dificuldade entre os países-membros para definir uma nova oferta agrícola para o Mercosul até 15 de abril, como está previsto.

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