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Brasil teme freio nas compras russas

Indústrias de carnes alertaram para impacto da renegociação de contratos ontem durante o Sial


A grande dúvida gerada pela crise econômica nos exportadores de carnes é com relação à capacidade de pagamento e manutenção da demanda da Rússia. Ontem, o assunto foi o mais comentado entre os brasileiros que estão no Sial, que termina amanhã, em Paris. Suinocultores, avicultores e pecuaristas alertam que já há indícios de que o país pressionará pela redução de preço. No entanto, os brasileiros dizem que não aceitam desvalorizar o produto.

Porém, o quadro é de dependência. Na carne bovina fresca, mais de 50% das vendas são direcionadas para a Rússia, que ultrapassaram 1 bilhão de dólares até setembro, informa o diretor executivo da Abiec, Luiz Carlos Oliveira. 'Ninguém vai vender a preço aviltado', garante. Ele acredita que 2008 deve fechar com redução de 15% nos embarques. Em compensação, a receita subirá 20% devido à compra de países do Oriente Médio e da Venezuela e passará de 5 bilhões de dólares/ano. O presidente do Conselho Administrativo do frigorífico Mercosul, Mauro Pilz, comentou que, há três meses, a empresa decidiu mandar menor volume de carne para Rússia. 'O problema é que os russos não têm dinheiro para retirar toda a carne que compram.'

O presidente da Abef, Francisco Turra, comenta que a demanda por frango continua normal, mas confirma que há reflexo da crise na Rússia. Por isso, ele recomenda que alojamentos sejam mais contidos. O diretor executivo da associação, Christian Loubauer, aponta que há preocupação em torno dos próximos carregamentos, já que 80% do valor só é pago no desembarque.

A crise também gerou mudanças na Aurora, que anunciou nesta semana suspensão de investimento de R$ 400 milhões em Carazinho. O vice-presidente Luiz Temp admite que se prepara para o pior. 'Deverá afetar de forma significativa as exportações do Brasil.' Para o presidente da Abipecs, Pedro Camargo Neto, o problema de crédito deve estar resolvido em 60, 90 dias. Mais difícil, será saber o que acontecerá com a demanda. 'Os compradores querem derrubar preço, mas as empresas não vão entrar nessa', aponta.

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