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Brasil torna-se nova base para expansão da DuPont

A DuPont estuda implantar, até meados de 2008, um centro de pesquisas para desenvolvimento de biocombustíveis e polímeros a partir da cana


A relação de uma empresa com a comunidade algumas vezes cria vínculos que dificulta a distinção entre a história local e a história corporativa. Em Wilmington (EUA), onde a DuPont iniciou operações em 1802 produzindo explosivos, a população ainda eufemiza a morte com a expressão "foi para o outro lado do rio". A fábrica foi instalada às margens do rio Brandywine e, àquela época, algumas explosões arremessaram corpos no ar - alguns caíam na outra margem do rio, então desabitada.

No Brasil, a empresa iniciou as operações em 1937, com a fabricação de produtos químicos e, no fim dos anos 40, instalou uma fábrica de explosivos em Barra Mansa (RJ) em uma antiga fazenda de goiabas. "Ainda hoje o lugar é conhecido como goiabal devido à sua origem", diz Ricardo Vellutini, presidente da DuPont no Brasil.

Reconhecida pela produção de itens como o teflon, o nylon e a lycra, a DuPont agora foca sua estratégia global em produtos "ambientalmente inteligentes". Nesse novo direcionamento, o Brasil ganha importância estratégica. Conforme o executivo, o plano global da empresa tem como meta dobrar as receitas com produtos à base de recursos renováveis, para pelo menos US$ 8 bilhões ao ano.

Boa parte dessa expansão ocorrerá no Brasil, país onde a empresa incrementa suas vendas em uma média de 16% ao ano, tendo chegado a US$ 1,1 bilhão em 2006. "O país ganhou importância em função da excelente condição para produzir biomassa com cana-de-açúcar e com madeiras", afirma Vellutini. A DuPont estuda implantar, até meados de 2008, um centro de pesquisas para desenvolvimento de biocombustíveis e polímeros a partir da cana - nos EUA, o trabalho é feito com milho.

"Lá [nos EUA] a DuPont já conseguiu reduzir o custo de produção do etanol celulósico em 50%, mas ainda precisa baixar uns 30% ou 40% para ser comercialmente viável, o que deve acontecer em até quatro anos", diz Vellutini.

O centro de pesquisas será instalado no Estado de São Paulo, mas a localização é mantida em sigilo, assim como o valor do investimento. Além da aposta no etanol celulósico, a empresa estuda instalar um grande centro de pesquisas, para desenvolver produtos nas suas cinco áreas de atuação - agricultura e nutrição, tintas, eletrônicos, produtos de alta performance e produtos de segurança e proteção. Hoje a DuPont mantém centros de pesquisas nos EUA, na China (instalado há dois anos) e na Índia, inaugurado recentemente.

"O objetivo é focar nos países com maior potencial de expansão. Na lista estão China, Índia e Brasil", observa o executivo. Segundo ele, boa parte das pesquisas desenvolvidas no país hoje tem por objetivo buscar aplicações a tecnologias desenvolvidas na matriz. Mas alguns itens nacionais alcançam sucesso global. Um deles foi o desenvolvimento de vidros com teflon para louças de cozinha, produzidos em parceria com a francesa Saint-Gobain. "Esse foi um produto desenvolvido 100% no Brasil".

A empresa também planeja reforçar investimentos na área agrícola, visando sobretudo ao desenvolvimento de sementes e defensivos. Em cinco anos, a empresa dobrou de faturamento no país e boa parte desse resultado deveu-se aos negócios da Pioneer - divisão de sementes - e da divisão de defensivos agrícolas. Em 2006, a DuPont investiu no Brasil em torno de US$ 25 milhões, valor que deve crescer no próximo ano.

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