O Brasil, o maior produtor de açúcar do mundo, aumentará sua produção nos próximos anos para acompanhar o consumo interno, que deverá crescer por causa da demanda de combustível à base de álcool de cana, segundo a empresa brasileira de consultoria Datagro.
A demanda interna de açúcar crescerá 37% nos próximos dez anos para 12,82 milhões de toneladas, disse Plínio Nastari, presidente da Datagro, no congresso da Organização Internacional do Açúcar, em Londres. Mas não apresentou uma estimativa do crescimento da produção.
"A produção brasileira continuará crescendo, embora deva manter uma dependência relativamente pequena do mercado de exportação", disse Nastari. "Depois de 14 anos de estagnação, a demanda de álcool volta a subir".
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva pediu em junho aos produtores que aumentassem a oferta de álcool e elevou o teto do teor de álcool na gasolina na tentativa de baixar os preços do produto nos postos e reduzir a inflação no Brasil, que foi afetada pelos preços mundiais do petróleo.
Nastari disse que a demanda de álcool também se recuperará por causa do desenvolvimento da chamada tecnologia do combustível flexível pelas indústrias de autopeças, como a Magneti Marelli da Itália, e a Robert Bosch da Alemanha, que permite que os veículos utilizem tanto álcool hidratado quanto gasolina misturada com álcool anidro ou uma mistura de ambos.
Há "avanços promissores" no emprego do álcool nos Estados Unidos e no Japão, acrescentou, calculando que as exportações de álcool brasileiro poderão aumentar cinco vezes para 4,4 bilhões de litros em dez anos.
Os produtores brasileiros prometeram aumentar a produção este ano em 1,5 bilhão de litros, ou 13%, para 12,6 bilhões. Em junho, o governo elevou o teor de álcool na gasolina de 20% para 25%.