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Brasil vai buscar autossuficiência no trigo

Aponta analista sênior da T&F, Luiz Carlos Pacheco


 

O Ministro da Agricultura, Blairo Maggi, revelou na semana passada em Buenos Aires que deverá abrir uma cota anual de importação de 750 mil toneladas de trigo sem imposto de fora do Mercosul. Atualmente estas importações são taxadas em 10%. No entanto, a principal novidade no discurso do governo é que o Brasil vai buscar autossuficiência no trigo, aponta o analista sênior da Consultoria Trigo & Farinhas, Luiz Carlos Pacheco.

“A retirada das taxas de importação do trigo americano e canadense somente igualaria as condições, sem dar outros privilégios, a estes trigos em relação ao que o trigo argentino já goza atualmente. Em termos de condições normais de mercado, o trigo argentino tem um frete menor para acessar os portos brasileiros (paga cerca de US$ 12-15 dólares, contra US$ 15-17 dos americanos). O trigo americano tem forte tradição no Norte e Nordeste do Brasil e o trigo argentino no Sul e Sudeste do país e isto deverá continuar”, analisa Pacheco.

De acordo com ele, “a frase mais importante do Ministro não foi a liberação das taxas de importação dos trigos dos EUA e do Canadá, mas que o Brasil irá buscar, de agora em diante, equilibrar a sua produção e o seu consumo. Embora não tenha enfatizado muito isso, ficou claro que buscará a autossuficiência. Dirigindo-se aos triticultores brasileiros no início deste mês, o Ministro disse que o trigo deve buscar a sua própria lucratividade e não amparar-se nos recursos do governo, que passaram a ser escassos”.

“Desde que o governo Collor extinguiu o CTRIN em 1990 (em que o governo era o grande comprador do trigo brasileiro) e o mercado passou a andar pelas próprias pernas, a produtividade do trigo no RS passou de 920 quilos/hectare para mais de 2.750 kg/ha, mostrando o acerto desta medida e do posicionamento do novo ministro brasileiro”, relembra.

“Somente no Cerrado brasileiro há mais de dois milhões de hectares cultiváveis localizados a mais de 800 metros de altitude – ideais para a produção de trigo. A produtividade nestas regiões é de mais de 3.000 quilos/hectare, significando, assim, um potencial produtivo de mais de 6,0 milhões de toneladas anuais, de trigo com qualidade igual à dos EUA e Canadá (já comprovada).

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