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Brasil vê álcool como rota rápida para virar potência

A constatação é do jornal americano "The Christian Science Monitor"


O Brasil espera que o álcool ajude a acelerar sua lenta ascenção como potência econômica, diz reportagem na edição desta quarta-feira (06-06) do jornal americano ""The Christian Science Monitor"".

""Ao sobrevoar o coração do Brasil, uma vasta savana, conhecida aqui como cerrado, pode-se confundir o cenário com Iowa, Kansas, ou praticamente qualquer lugar no cinturão agrícola dos Estados Unidos"", diz a repórter Sara Miller Liana.

Segundo ela, ""até fazendeiros americanos chegaram para se unir ao boom que, nos últimos anos, posicionou o Brasil para superar os Estados Unidos como a superpotência agrícola do mundo"".

""No ano passado, o Brasil suplantou os Estados Unidos como maior exportador de soja. A isso se seguiu ter chegado ao primeiro lugar na exportação de carne bovina em 2004. E agora que o alto preço do petróleo e preocupação com mudanças climáticas despertaram uma demanda global por combustíveis alternativos, o Brasil tem o objetivo de dobrar sua produção de cana-de-açúcar para etanol na próxima década.""

A reportagem diz que a importância do Brasil foi demonstrada nesta semana durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Índia, ""onde os dois países anunciaram planos de quadruplicar o comércio (bilateral) para US$ 10 bilhões até 2010 e estimular o uso de biocombustíveis pela Índia"".

""As duas potências econômicas em emergência também têm o objetivo de fortalecer a cooperação como vozes vigorosas do mundo em desenvolvimento antes de iniciarem as conversações do G8 na Alemanha nesta semana.""

O fortalecimento da posição do Brasil nas negociações de comércio internacional também foi mencionado na reportagem do Christian Science Monitor.

""Na medida em que o agrobusiness do Brasil floresceu, (o país) ganhou importantes disputas comerciais contra os Estados Unidos, inclusive a remoção de subsídios ao algodão, e liderou uma coalizão de nações em desenvolvimento contra subsídios dos Estados Unidos em geral e tarifas européias dentro da Rodada de Doha (negociações para a liberalização do comércio internacional).""

Para o jornal americano, ""a ascenção do país como celeiro do mundo -uma transformação possível por uma abundância de terras e sol, décadas de recursos investidos em pesquisa, e uma crescente demanda de países em desenvolvimento como Índia e China tem implicações para o retrato da agricultura mundial hoje"".

""Hoje o Brasil é o maior exportador mundial de açúcar, carne bovina, carne de aves, café, suco de laranja e tabaco"", e embora ""um mercado internacional para o etanol ainda seja incerto"", se isto se firmar, ""o Brasil será certamente um fornecedor central"" no mundo.

""Sua produção de etanol é muito mais eficiente do que a dos Estados Unidos, que produzem etanol a partir de milho.""

A reportagem ressalta, contudo, que o caminho para se tornar potência econômica não será fácil para o Brasil. Um de seus principais desafios é ""falta de infraestrutura"".

""Um relatório da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) revelou que só 10% das estradas do país são pavimentadas. Isto contribui para o alto custo do transporte na exportação de soja, por exemplo o dobro do que custa nos Estados Unidos.""

O desmatamento é outro problema citado pela reportagem, com a expansão de plantações de soja e cana-de-açúcar mata adentro.

""O Brasil precisa decidir o quanto está desejando sacrificar de seus recursos naturais para ajudar outros países com suas necessidades energéticas e com suas necessidades de soja"", disse Randy Curtis, um especialista em infraestrutura latino-americana (na organização) The Nature Conservancy.""

Outra questão levantada na reportagem é quem se beneficia com o desenvolvimento do setor agrícola: se grandes multinacionais ou pequenos agricultores. ""Muitos agricultores pequenos, de subsistência, foram deslocados"", diz a reportagem.

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