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Brenco faz acordo para vender álcool aos EUA


A Brenco (Companhia Brasileira de Energia Renovável) fechou na quarta-feira, em Houston (Texas), um acordo comercial para exportar cerca de 1 bilhão de litros de álcool anidro para a companhia petrolífera americana Lyondell. O Valor apurou que o contrato com a nova parceira tem duração de quatro anos e que os embarques começarão a ser realizados a partir do quarto trimestre de 2009, e até 2013. Em valores de hoje, a negociação envolve cerca de US$ 680 milhões.

"Esse acordo faz parte de um projeto maior da Brenco, que é criar projetos de longo prazo com os compradores", afirma Rogério Manso, vice-presidente comercial e de logística da Brenco, sem fornecer mais detalhes sobre o contrato.

"A Lyondell vai importar o álcool anidro da Brenco, que será utilizado na composição de ETBE. Após a industrialização, o combustível será exportado para o Japão". O ETBE (éter etílico terc-butílico) é um aditivo que contém etanol misturado a derivados de petróleo. Após a industrialização, o ETBE será misturado à gasolina no Japão.

Criada em 2007 e coordenada pelo ex-presidente da Petrobras, Phillipe Henri Reichstul, a Brenco tem como acionistas um grupo de investidores estrangeiros famosos, entre eles Khosla Ventures, Yucaipa Companies, Semco, Tarpon Investimentos e Ashmore Energy International. No Brasil, o braço de participações do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDESPar), também é acionista do grupo.

A Lyondell, uma das maiores companhias de seu setor dos Estados Unidos, é uma das principais exportadoras americanas de álcool para o Japão. No início deste ano, a petrolífera fechou um acordo semelhante com a Copersucar - então uma cooperativa, hoje uma S.A. - com o mesmo objetivo.

O Japão consome 60 bilhões de litros de gasolina por ano. O governo japonês estuda, há anos, adotar uma mistura compulsória de 3% de álcool na gasolina, o que geraria uma demanda de 1,8 bilhão de litros anuais. No futuro, pretende elevar a mistura para 10%, o que criaria uma demanda maior, de 6 bilhões de litros/ano. Atualmente, o Japão importa cerca de 200 milhões de litros de álcool diretamente do Brasil, mas a maior parte é destinada para as indústrias químicas, de bebidas e farmacêuticas.

Com uma meta de produzir 3,8 bilhões de litros de etanol por ano, ou 1 bilhão de galões, a Brenco planeja investir, até 2015, cerca de R$ 5,5 bilhões para a construção de dez usinas voltadas exclusivamente para a produção de etanol.

Em 2009, duas das dez usinas projetadas pelo grupo devem entrar em operação - a unidade Alto Taquari, instalada em Mato Grosso, e a Morro Vermelho, na goiana Mineiros. Ambas deverão produzir, juntas, cerca de 320 milhões de litros de álcool na safra 2009/10. Para 2010/11, outras três unidades devem iniciar as operações: a Água Emendada, também em Mineiros, e a Costa Rica e a Paranaíba, ambas em Mato Grosso do Sul.

Segundo Manso, o escoamento desse álcool para exportação será feito pelo porto de Santos, no litoral paulista. "A Brenco também está capitaneando um projeto de infra-estrutura ambicioso, que é a criação de um alcooduto, cujos investimentos somam US$ 1 bilhão", afirma Manso. Esse projeto teria 1.120 quilômetros de extensão e capacidade de transporte de aproximadamente 1,75 bilhão de galões de etanol por ano. A previsão é que o duto saia do papel em três anos.

De acordo como executivo, que também trabalhou na Petrobras, o projeto do alcooduto da Brenco será realizado em parceria com outras companhias - o nome dos parceiros não foi divulgado - e não tem vínculo, pelo menos por enquanto, com os projetos anunciados pela própria Petrobras e ou com a Uniduto, criada por um pool de usinas, entre elas Cosan, Copersucar e Nova América.

Ao anunciar a criação da Brenco, no ano passado, Reichstul afirmou que boa parte da produção de álcool da Brenco - dois terços do total - seria voltada para o mercado externo. O contrato fechado pelo grupo com a Lyondell confirma os planos iniciais da companhia. "Temos outros projetos em negociação nesse mesmo sentido, mas ainda não estão fechados", diz Manso.

Quando todas as unidades produtoras da Brenco estiverem em operação, em 2015, a capacidade de processamento de cana do grupo deverá atingir 44 milhões de toneladas por ano. Segundo Manso, a expectativa é que pelo menos 38 milhões de toneladas sejam moídas a partir de 2013.

Para tocar seus projetos, a Brenco já realizou captações no valor de US$ 300 milhões, além de contar com financiamento do BNDES. Em agosto, o banco informou que está financiando R$ 1,2 bilhão para a implantação de quatro usinas no Centro-Oeste e também confirmou que o braço de participações da instituição (o BNDESPar) será sócio da companhia nesses projetos. A participação deverá ser de 15% a 20%.

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