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BRF recua após China anunciar medida antidumping para frango do Brasil

Ações da BRF recuavam cerca de 5 por cento nesta sexta-feira


As ações da BRF recuavam cerca de 5 por cento nesta sexta-feira, após a China anunciar que vai impor direito antidumping provisório sobre as importações de carne de frango procedente do Brasil. Na contramão, JBS avançava mais de 7 por cento, em meio a avaliações de que a empresa sofre um efeito menor e pode até se beneficiar.

Às 12:33, os papéis da BRF, que tem sido a maior exportadora global de carne de frango, operavam em queda de 5,5 por cento, a 21,95 reais, entre os destaques de baixa do Ibovespa, que tinha variação negativa de 1,5 por cento. Na mínima, as ações da companhia caíram 6,37 por cento. JBS, por sua vez, subia 7,5 por cento, a 9,08 reais, maior alta do índice.

Os importadores chineses de frango brasileiro terão que pagar depósitos de 18,8 a 38,4 por cento do valor de suas compras a partir de 9 de junho, informou o Ministério do Comércio daquele país em um comunicado.

“Nós enxergamos esta notícia como negativa para o setor de aves no Brasil, que está enfrentando uma situação difícil após a operação Carne Fraca, a greve dos caminhoneiros e uma recente alta nos preços dos grãos”, disseram analistas do Credit Suisse, em nota a clientes.

Victor Saragiotto e Ian Miller destacaram que, embora a China não seja o principal mercado da BRF, a companhia poderia ser negativamente afetada, uma vez que o volume inicialmente exportado para a China poderia ser parcialmente distribuído para outros mercados, pressionando as margens para baixo.

Na visão dos analistas do Itaú BBA liderados por Antonio Barreto, trata-se de mais uma complicação para a perspectiva dos negócios internacionais da BRF, assim como a suspensão das exportações de várias unidades da companhia no Brasil pela União Europeia e a discussão sobre o abate halal pela Arábia Saudita.

Eles estimam um efeito negativo de 180 milhões de reais no Ebitda da decisão, com base em cálculos que consideram que a fatia de exportação da BRF para a China é similar à média da indústria brasileira. “Nós estimamos a queda baseados no desconto do preço apenas, assumindo que a indústria brasileira irá alocar o mesmo montante de aves para Hong Kong”.

Barreto e equipe também destacaram que é provável que o preço médio em Hong Kong recue, avaliando que haverá mais oferta para as exportações de aves do mercado paralelo da cidade para a China continental. Os analistas estimam as exportações da BRF para China em 132 mil toneladas por ano, 8 por cento do volume total exportado pela BRF em 2017. Também consideram o desconto médio de 0,36 dólar por quilo entre exportações para China e exportações para Hong Kong a partir de dados da Secex de 2017.

“Nós acreditamos que essas estimativas são conservadores, que a real queda pode ser maior com um desconto de preço maior”, escreveram os analistas do Itaú BBA.

Em relação à JBS, a equipe do Itaú BBA avalia que impacto é mais limitado e pode até ser positivo no médio prazo. Eles citam que a Seara representa menos de 15 por cento do Ebitda consolidado da JBS enquanto a Pilgrim’s, subsidiária avícola americana da JBS, pode se beneficiar se a China retomar as importações de frango dos EUA.

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