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Briga Brasil x UE na OMC preocupa

Painel pode atrapalhar os esforços brasileiros para recuperar a credibilidade de seu sistema de inspeção sanitária



Após a divulgação de que o Ministério da Agricultura pretende abrir um painel na Organização Mundial de Comércio (OMC) contra as barreiras impostas pela União Europeia contra a carne de frango brasileira, muitos especialistas e autoridades vêm expressando preocupações sobre a exposição negativa do País frente ao resto do mundo. O receio é de que essa exposição possa chamar ainda mais a atenção para casos de corrupção e fraudes em frigoríficos como os investigados pela operação Carne Fraca.  

Uma das autoridades que criticam a medida é o vice-presidente da Sociedade Rural Brasileira (SRB), Pedro de Camargo Neto, que também é ex-presidente da Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína (Abipecs). Durante entrevista para o Valor, Neto afirmou que esse painel poderá acabar atrapalhando os esforços brasileiros para recuperar a credibilidade de seu sistema de inspeção sanitária. 

De acordo com o ex-presidente da Abipecs, as fragilidades expostas nas companhias que tiveram seus frigoríficos embargados podem levar anos para serem resolvidas e o ideal seria que o governo primeiramente adotasse medidas para aplacar esses problemas e após planejasse um sistema de fiscalização mais eficiente.  "O que a ABPA [Associação Brasileira de Proteína Animal, que representa as indústrias produtoras de carne de frango e carne suína] devia ter feito? Preparar as empresas. Vamos chamar todo mundo aqui e garantir conformidade. O discurso "tem que entrar na linha. Vamos melhorar tudo. Nós fomos pegos", opina.

Neto também lembra que Vytenis Andriukaitis, comissário de Saúde e Segurança Alimentar da UE, veio até o Brasil durante o ano passado a fim de discutir sobre a operação Carne Fraca e cobrar medidas para melhorar a segurança sanitária dos produtos brasileiros, mas o Ministério da Agricultura não forneceu as respostas exigidas. "O Brasil provavelmente não cumpriu nada. É histórico. O Brasil não costuma responder questionário. Não vi o que aconteceu aqui, mas garanto que tem um ano de não cumprimento de promessa. E a gente sabe que a verticalização demorou. Teria que ter saído a verticalização imediatamente e depois entrar com autocontrole", conclui. 

 

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