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Briga pelo algodão entre Brasil e EUA deve ir a painel


A disputa do algodão entre Brasil e EUA só poderá ser resolvida num painel (comitê de investigação). O primeiro dia de consulta, teoricamente para buscar uma solução mutuamente satisfatória, mostrou que o contencioso é muito complexo e não tem espaço sequer para barganhas, como destacou o presidente da Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), Jorge Maeda.

No entanto, a consulta iniciada ontem na OMC foi totalmente convencional, ao contrário do que ocorreu na consulta entre o Brasil e a União Européia na briga do açúcar, quando houve até platéia dentro da sala reunindo ex-colônias européias na África, Caribe e Pacifico (ACP). Os americanos só aceitaram a presença da Argentina e da Índia na consulta. Rejeitaram os pedidos de Zimbábue e Canadá, alegando que esses países têm fatias insignificantes no comércio mundial de algodão. Outros países africanos apóiam o Brasil, mas não pediram para participar da consulta.

O Brasil colocou nada menos de 80 questões aos EUA, que continuarão sendo respondidas hoje, sobre os financiamentos aos produtores de algodão, prazos, etc. Para abrir um painel (comitê de investigação), no entanto, ainda serão necessários mais estudos do lado brasileiro. O Brasil precisará mostrar o dano que os subsídios americanos causam aos produtores brasileiros.

A delegação brasileira enumerou os problemas causados pelos subsídios de mais de US$ 4 bilhões dados aos produtores americanos de algodão. "O maior prejuízo do Brasil é a perda de empregos", disse Maeda. O chefe da divisão de contenciosos do Itamaraty, conselheiro Roberto Azevedo, salientou que os subsídios americanos chegaram a tal ponto que atropelam até as teóricas econômicas.

Em mais de uma década, o custo da produção de algodão nos EUA tem sido o mais alta do mundo. Nos últimos cinco anos, ainda tiveram problemas com a valorização do dólar, ao mesmo tempo em que os preços mundiais caíram pela metade. Porém, desde 1998, os EUA aumentaram sua plantação, com a produção pulando de 14 milhões de toneladas para um recorde de 20,3 milhões de toneladas em 2001. Ao mesmo tempo, as exportações americanas cresceram de 25% para 38% do total mundial.

"Quanto mais o preço cai, mais os EUA dão subsídios e assim ficamos numa situação chocante", reclamou Maeda. Os americanos não fizeram pronunciamento e não quiseram falar com a imprensa, na linha oposta da ativa política de comunicação européia.

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