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Cadeia do biodiesel em MG permanece indecisa

A construção de usina está em pleno vapor, mas essa não é a realidade do plantio das oleaginosas esperada pela agricultura familiar


Enquanto os produtores rurais se esforçam para aprender as formas de manejo para plantar oleaginosas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarca para Suécia para apresentar as experiências obtidas com as pesquisas sobre os biocombustíveis. Na oportunidade, vai assinar acordo bilateral na área referente à troca de experiências e à formação de um mercado internacional de biocombustíveis.

No Norte de Minas, a construção da usina da Petrobras para processar óleo para o biodiesel está em pleno vapor. Mas essa não é a realidade do processo de plantação das oleaginosas esperada pela agricultura familiar. Até agora, há poucos produtores e na maioria, grandes plantando pinhão manso e poucos plantando mamona, possível matriz energética a vigorar na região do Norte de Minas.

A bioenergia hoje é uma das perspectivas de lucros futuros para o país. A produção de combustível limpo está possibilitando que, aos poucos, as cadeias produtivas do agronegócio se organizem e, assim, se apresentem para países como os Estados Unidos, que travam uma luta pela liderança na produção de etanol, respeitem as tecnologias geradas no Brasil.

- No caso da Suécia, eles já importam etanol do Brasil, mas precisam aumentar consideravelmente. Eles produzem muito pouco e a partir de trigo e cevada. O nosso é economicamente muito mais rentável em todos os sentidos - avalia a embaixadora Maria Edileuza Fontenele Reis, chefe do Departamento da Europa do Ministério das Relações Exteriores.

A Suécia, conforme informou a agência Brasil, não está entre os principais parceiros comerciais brasileiros, mas o intercâmbio comercial cresceu 90% desde 2002 e alcançou US$ 1,44 bilhão em 2006, com saldo negativo para o Brasil de US$ 453 milhões. Café não-torrado em grão, sulfetos de minérios de cobre, álcool etílico e carne bovina desossada foram os principais produtos exportados pelo Brasil. As autopeças dominaram a pauta de importações brasileiras da Suécia. A expectativa do governo brasileiro é impulsionar as trocas bilaterais e os investimentos a partir da visita do presidente Lula.

- Durante essa visita, vamos trabalhar para elevar essas cifras consideravelmente - ressalta a diplomata.

UM RISCO

O cenário da formação da cadeia produtiva do biodiesel está se definindo, mas como afirmou Alysson Paulinelli, ex-ministro da Agricultura, em estada no Norte de Minas, os produtores não podem esperar o governo estruturar a cadeia senão o projeto nunca vai acontecer.

- Precisamos ter modelos novos de produção para regulamentar o passeio, tanto do álcool quanto do biodiesel. Precisamos ainda ter primeiro um produto de qualidade para que o governo estabeleça regras de um padrão de qualidade e que o produto tenha livre passagem por todo o Brasil.

Paulinelli alertou os produtores sobre a abertura de muitas usinas de cana-de-açúcar no Brasil:

- Daqui a pouco nós teremos gigolô da cana-de-açúcar, assim como disse Alexandre Vianna, presidente da Sociedade Rural, quando diz que já tem gigolô de gado. Não temos capital para segurar essas mais de 200 usinas que foram abertas no Brasil, apesar de o BNDS- Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social ser generoso e liberar algum capital pra elas. O que precisamos é nos organizar para fazer um seguro de performance para dar segurança as empresas de capital que querem investir no país.

FORMAÇÃO DA CADEIA DO BIODIESEL

Para Paulinelli, há com certeza probabilidade de a cadeia produtiva do biodiesel dar certo no Norte de Minas e ela está começando justamente como começou a do etanol, em 1975. Agora, para ela dar certo, é preciso de duas coisas: vontade governamental para acertar essas diferenças de custos iniciais, como também é preciso haver um grande trabalho de conhecimento em ciência e tecnologia para que se aproveitem os recursos naturais disponíveis. Uma prova disso é que temos várias espécies de oleaginosas a serem estudadas no Brasil, como o dendê, as palmáceas, entre outras e não tem pesquisa.

Quanto aos agricultores familiares, o ex-ministro foi enfático ao dizer que eles precisam se organizar para que o produto deles, ou seja, extraído por eles mesmos em extratores menores ou então que se tenha um extrator regional para dar condição. Agindo isoladamente, eles não vão conseguir chegar a nenhum lugar - salientou.

O Dnocs - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas vai montar cerca de 20 esmagadoras para dar suporte ao produtor rural da região.

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