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Cadeia do coco é ameaçada por exportações agressivas

A queda vertiginosa dos preços do produto se assemelha ao momento vivido no final da década de 80, e início de 90


Responsável por gerar 240 mil empregos, contribuindo para mais de R$ 221 milhões na composição do valor bruto da produção agrícola, a cultura do coco da Bahia, nas últimas semanas, vem sofrendo um duro golpe do mercado asiático. A queda vertiginosa dos preços do produto se assemelha ao momento vivido no final da década de 80, e início de 90, quando produtores deixaram de realizar a colheita, e a Organização Mundial do Comércio (OMC), acionada pelo Sindicato Nacional dos Produtores de Coco (Sindcoco), estipulou uma cota para importação dos países exportadores.


Com a importação da farinha gorda do coco, uma espécie de coco integral fino, o quilo do coco seco, em especial do Litoral Norte, despencou de R$2,25 a R$1,50 para R$0,75, o que implica numa diferença de, no mínimo 50%. De acordo com o técnico especialista em coco da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), Fernando Florence, há uma suspeita de que essa exportação agressiva esteja entrando por São Paulo com valores praticados entre R$7 a R$10/kg.

“Os produtores baianos serão obrigados a comercializar o quilo do coco seco abaixo de R$1, considerando os custos de transporte, industrialização e lucro da indústria. Levando em consideração que são necessários cinco quilos de coco seco para obter um quilo de farinha de coco, o valor do coco seco descascado seria de, no máximo, R$0,70 a R$1/kg, retirando os custos,”, explicou Fernando Florence.

Com o aumento das importações e encerramento em setembro do projeto de salvaguarda, que estabelece um limite de cinco mil toneladas/ano para a entrada do produto no País, o Sindcoco, no uso de suas atribuições, solicitou ao Ministério da Agricultura, Anvisa e Ministério da Saúde que os mesmos critérios de controle das indústrias nacionais sejam exigidos das indústrias exportadoras, a fim de reduzir os impactos negativos das compras externas.

Para o presidente do Sindicato, Francisco de Paula Domingues Porto, é necessário cobrar dos fornecedores estrangeiros documentações que comprovem o atendimento de aspectos sanitários da legislação brasileira. “O atendimento às boas práticas de fabricação é improvável, por conta da precariedade encontrada em países miseráveis que exploram seus trabalhadores”, argumenta Porto.


Para revigorar a cadeia da fruticultura, agentes financeiros, o grupo holandês Aurantiaca, o município do Conde e a Secretaria da Agricultura (Seagri) assinaram no mês de dezembro um protocolo de intenções para criar uma linha especial de crédito, atendendo aos agricultores do Litoral Norte. Outra decisão tomada na mesma reunião foi a elaboração do Plano de Estruturação da Cadeia Produtiva, uma das prioridades do governo, que vai incrementar o desenvolvimento na região.

Com a chegada do grupo holandês, a produção no Litoral Norte ganha força com a construção da primeira fábrica de fibra de coco do Estado, no Conde. A indústria vai gerar cerca de 500 empregos diretos e três mil indiretos. O complexo industrial terá capacidade para processar um milhão de cocos/dia, sendo 400 mil frutos secos e 600 mil frutos verdes.

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