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Caem as exportações de carne da Austrália


A queda nos embarques de carne bovina da Austrália, maior exportador mundial, pode continuar nos próximos dois anos porque os pecuaristas reduzirão as vendas para reconstituir os rebanhos justamente no momento em que os fornecedores concorrentes elevam as vendas.

As projeções são de que as exportações declinem pelo terceiro ano consecutivo no período de um ano que se encerra em 30 de junho de 2004, caindo 5,1% para AS$ 3,51 bilhões (US$ 2,2 bilhões), informou o Departamento Australiano de Recursos Econômicos e Agrícolas (Abare). Ele prevê que as exportações recuem mais 5,4% no ano seguinte, antes de se recuperarem no período 2005-2006.

O rebanho bovino da Austrália poderá encolher para o seu nível mais baixo, em 2003-2004, após a pior seca em um século ter exaurido suprimentos de água e ressecado 70% do país, o que forçou os pecuaristas a vender os animais que não podiam manter. O índice de abate provavelmente vai cair um quinto quando a seca terminar e os pecuaristas aumentarão os seus rebanhos.

Lucro rápido

"Não vamos vender bens" no próximo ano, afirmou Will Abel Smith, gerente da área de bovinos da S. Kidman, terceira maior pecuarista da Austrália. "Tudo que preservamos ou vamos engordar, ou reproduzir". O rebanho da Kidman, que normalmente é de 170 mil animais, caiu um quinto com a seca.

O rebanho nacional, que inclui vacas leiteiras, deverá cair para 27 milhões de animais no próximo ano comercial, em comparação com os 27,2 milhões deste ano e com o pico de 28,5 milhões de 2001-2002.

"A reconstituição do rebanho vai levar tempo e custará caro comprar animais", disse em uma entrevista Trish Gleeson, gerente do programa do Abare. Neste ano, os pecuaristas poderão se decidir a usar as terras disponíveis para cultivar lavouras - que proporcionam lucro mais rápido - do que criar gado, afirmou a técnica.

Os baixos suprimentos de bois vão fazer com que os embarques para os Estados Unidos, maior mercado da Austrália, recue 16%, para 283 mil toneladas, no próximo ano comercial, diz a analista.

O Uruguai provavelmente vai tentar preencher a lacuna quando as exportações forem retomadas neste ano. O governo uruguaio está esperando uma decisão de Washington para reabrir as operações depois que as exportações de carne bovina resfriada foram proibidas após um surto da doença da "vaca louca" que impediu o Uruguai de usar a sua cota de 20 mil toneladas, em 2002, informou, no mês passado, a entidade do setor Meat & Livestock Australia.

A perda da concorrência pelo Uruguai elevou as exportações de carne bovina da Austrália para o Canadá, em 2002. As vendas para o Canadá, terceiro maior comprador estrangeiro de carne bovina australiana depois de os Estados Unidos e do Japão, deverão cair quando as exportações do Uruguai e da Argentina forem retomadas, em 2004, informou o Abare.

Preços em alta

Os preços do boi gordo australiano estão reproduzindo a queda de 29% do ano passado depois das pesadas chuvas de fevereiro que aliviaram a seca. O índice Bezerros da Região Oriental, o referencial para vendas em leilões deu ontem um salto de 6 centavos por quilo, ou 1,9%, registrando a alta histórica em dez meses de A$ 3,185. O preço aumentou quase 30% no mês passado.

O Abare espera que os preços dos bois vendidos nos currais fiquem em média A$ 2,85 por quilo, em 2003-2004, 20% mais do que em igual período do ano anterior, antes de declinar em cada um dos quatro anos seguintes devido à produção mais elevada nos EUA e a uma maior concorrência dos rivais latino-americanos.

Um dólar australiano mais forte frente à moeda norte-americana também vai reduzir a competitividade do país nos mercados mundiais porque aumenta o custo da carne para os compradores que pagam em dólares norte-americanos. Em contraposição, a queda de 59% do peso em relação ao dólar norte-americano, no ano passado, vai tornar a carne bovina argentina mais barata, segundo a Abare.

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