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Café: Importadores ganham muito mais que produtores

Processadores investem no marketing e ganham muito mais que produtores


Uma estimativa da Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI) indica que os importadores de café ganham até três vezes mais que o agricultor. O Brasil é o maior produtor mundial da commodity. No estudo, a entidade buscou calcular o valor do capital intangível de alguns produtos, como imagem da marca, design e tecnologia.

Aproximadamente 70% da demanda mundial por café está em países de alta renda. Nos Estados Unidos e Alemanha, principais consumidores, a política comercial faz com que eles importem o produto in natura e industrialize localmente, através de barreiras ao produto industrializado. A política garantiria que as companhias desses países agregassem valor sobre o produto.

Para a OMPO, a inovação na cadeia de valor tem peso maior para as atividades próximas ao consumidor e que o importador fica com a maior parte nas vendas do varejo e ficam com a maior parte relacionada a propriedade intelectual do café.

Os Estados Unidos possuem 10 mil patentes no segmento e o Brasil tem aproximadamente 60. Como agravante, o Brasil não tem nenhuma patente de desenho industrial, enquanto que os EUA possuem mais de 400, a Suíça conta com cerca de 300 e a Itália quase 200. A concentração de patentes nos segmentos de transformação do grão e distribuição final se dá em mais de 90% dos casos.

De acordo com a OMPI, o consumidor deixou de consumir a bebida somente em casa, mas passou a tomar em cafeterias, bares e restaurantes. Além disso, há um nico que se interessa pela origem do produto e paga mais por linhas gourmet com sustentabilidade certificada. De 65% a 80% do consumo de café, ou US$ 90 bilhões por ano, ou 45% do valor do mercado global do produto. Neste caso, o importador ganha 228,8% a mais que o produtor considerando 453 gramas de café. No caso do café diferenciado, o importador ganha 194% a mais que o produtor. Já o setor de consumidores com preocupação social a diferença é de 324,5% a favor dos processadores.

Segundo a OMPI, três empresas controlam 50% das importações mundiais de café, que são Volcafe e Ecom, da Suíça, e Neuman Coffee Gruppe, da Alemanha. Nestlé, Jacobs Douwe Egberts, Strauss, J:M: Smucher, Folgers, Luis Lavazza, Tchibo e Kraft têm uma participação de quase 40% entre as grandes companhias no mercado varejista.

A OMPI ainda constata que o capital intangível representou 30,4%, em média, do valor total de bens manufaturados vendidos entre 2000 e 2014. A renda desse capital imaterial atingiu US$ 5,9 trilhões em 2014, com três grupos de produtos – alimentos, veículos a motor e têxteis – representando 50% do total.

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