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Café arábica garante renda de produtores no oeste da Bahia

A cafeicultura vem se expandindo na fronteira agrícola desde 1995


O café salvou as contas do casal de agricultores Célio Zuttion e Zirlene Pinheiro, de São Desidério -distrito ligado a Roda Velha (BA)- na safra de 2011/2012. A alta rentabilidade da cultura cobriu-lhes os prejuízos causados por uma seca que afetou a colheita da soja. Na temporada atual, dos 500 hectares irrigados de sua propriedade, 40% foram destinados ao cafezal. 
 
"Em termos de área, o café não é tão expressivo, mas, em receita, movimenta muito", afirma Zirlene, que fatura cerca de R$ 10 mil por hectare. Trazido há oito anos por agricultores mineiros e paulistas ao oeste baiano, o tipo arábica foi plantado, nesta safra 2012/2013, em 15 mil hectares nos dez municípios, inclusive Roda Velha, que formam o principal polo produtivo do estado. 
 
A cafeicultura vem se expandindo na fronteira agrícola desde 1995, a uma média anual de 200 hectares, e deu um salto de 1,8 mil neste ano, de acordo com a Associação de Produtores e Irrigantes da Bahia (Aiba). Por causa dessa expansão, estima-se que o nível de produtividade recuará de 41,5 para 40 sacas por hectare, alheio à bianualidade típica do grão, que alterna períodos de alta e de baixa produção. "Aqui, por ser irrigado, o café não sofre esse efeito", observa Zuttion. 
 
Na região, o investimento inicial demandado pela cultura é de R$ 28 mil, acrescidos de um custo de manutenção de R$ 300 por hectare. Contudo, na visão dos produtores, o retorno financeiro compensa os gastos com trato cultural - que chegam a R$ 2 milhões por safra na propriedade de São Desidério. "Para plantar café, tem que ter café no bule", comenta o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Luiz Eduardo Magalhães, Vanir Kölln.
Os lucros advindos da colheita giram em torno de R$ 60 por saca (60 quilos), em valores atuais, segundo a Associação dos Cafeicultores do Oeste Baiano (Abacafé). "Sojicultores que também plantam café, fazem-no para diminuir os riscos financeiros", analisa o presidente do grupo, o cafeicultor Doni Dognani, que possui 600 hectares exclusivos da cultura no Município de Barreiras. 
 
"O café, aqui, não tem sido cultivado em propriedades vinculadas à soja e o milho", afirma o representante, "mas por agricultores que já trabalhavam com o grão, em outras regiões, e o trouxeram para cá". Dognani acredita que "as propriedades de culturas temporárias não se interessam pela perenidade do café, que tem de ser planejada para dez anos de trabalho. O agricultor precisa de aptidão", ele diz. 
 
A colheita de café prevista para 2013 no oeste baiano, que deve ser de aproximadamente 600 mil toneladas, ou dez mil sacas, já conta com 20% do volume vendidos ao mercado futuro, de acordo com a Abacafé, que também calcula: 40% do grão colhido na região destinam-se à exportação. 
 
Quebra mineira
E a maior exportadora de café do Brasil, a Cooperativa Regional de Cafeicultores de Guaxupé (Cooxupé), anunciou ontem uma previsão infeliz para a cafeicultura mineira: a safra de 2013, em seu raio de atuação (12 mil agricultores no sul e no cerrado de Minas Gerais, e parte de São Paulo), tende a quebrar a nível de 25,1%.
Neste ano, a Cooxupé produziu 9,6 milhões de sacas do grão; para o próximo, estima produção de 7,2 milhões. "Apesar de ser o primeiro indicativo, se esse percentual abranger o restante do Brasil, não ficaremos imunes a uma quebra significativa na produção vindoura. É preciso ficar atento!", alerta o presidente da cooperativa, Carlos Paulino da Costa, que chamou a previsão de "quebra substancial". 
 
Os dados constatados são fruto de uma pesquisa da equipe técnica da cooperativa, composta por engenheiros agrônomos que realizaram, durante o ano, entrevistas, visitas a propriedades e avaliação de campo. O período de apuração se deu logo depois da florada, numa fase em que o café se encontra na forma de "chumbinho", geralmente nos meses de outubro e novembro.

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