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Café tipo degustação

Produtores querem deixar os melhores grãos para consumo interno


Economia no campo - Produtores da região querem mudar perfil da produção, deixando os melhores grãos para consumo interno

Ao contrário da maioria dos produtores da região de Ribeirão Preto, que diminuíram —ou abandonaram de vez— a produção de café, Ciro Nigro Engracia de Oliveira trocou a cana-de-açúcar pelo cultivo do grão. Além da paixão pelo cuidadoso processo de beneficiamento, Oliveira também entrou no negócio (em 2004) para colocar em prática uma proposta que pode alavancar, ainda mais as vendas: a produção de um café de qualidade com processos modernos, além de uma certificação rigorosa.

Mas essa não é só a ideia do produtor, que tem aproximadamente 50 mil pés de café, é a proposta do Sindicato Rural de Ribeirão —Oliveira também é um dos líderes da entidade— e de aproximadamente 1,9 mil produtores da região de Franca que fazem parte da Cocapec (Cooperativa de Cafeicultores e Agropecuaristas). “Temos uma grande tradição na produção de café na região de Alta Mogiana. Mas não é só de tradição que o café vive, também precisa de investimentos e modernização. É necessário olharmos para frente”, disse Oliveira.

Ainda segundo o diretor, uma das principais barreiras que a produção de café precisa superar é a forma de comercialização do produto. “Nossos cafés de melhor qualidade são vendidos para fora, Quando chegam lá, são torrados e moídos em grandes e modernas indústrias e sua origem acaba perdida. É preciso investir na ampliação dos processos produtivos de um café de qualidade no mercado interno e, principalmente, na certificação do café que sai da fazenda”, disse.

Segundo o presidente da Associação Rural de Cravinhos e produtor de café, Edson Minoaha, a certificação do café que sai das fazendas valorizaria ainda mais o produto. “E atestar sua origem. Uma marca, como a da região da Alta Mogiana, seria reconhecida para onde fosse exportada”, disse. Para o diretor do sindicato de Ribeirão, o reconhecimento da marca e da origem do café, tem de sair das indústrias e ir para o início da cadeia produtiva. “É na fazenda que todo um trabalho cuidadoso é feito.”

Mas, a modernização na produção industrial moderna também é uma saída para a valorização do produto. “Isso ainda é pequeno no Brasil. Precisamos provar que podemos sim produzir um café com uma qualidade superior ao vendido lá fora”, disse.

IEA estima alta de 30% neste ano

O último levantamento realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA), em junho, sobre as estimativas da safra de café no Estado, aponta para um crescimento de 30,5% na produção de café beneficiado nas fazendas paulistas. “A estimativa é que 4,9 milhões de sacas (de 60 quilos) sejam produzidas, o que representa 29,1% a mais na produtividade principalmente por conta da bienalidade da lavoura”, informou o instituto. Ao todo, a safra deve se encerrar com 226,6 mil hectares plantados. “O clima mais seco tem favorecido a colheita do café, mas os frutos estão irregulares, na maioria das regiões.” No Escritório de Desenvolvimento Rural (EDR) de Ribeirão, a estimativa do IEA é que a produção de café aumente em 5,1 mil sacas em relação com a safra passada —serão produzidas 149,8 mil sacas de 60 quilos. A área plantada com a cultura deve crescer de 5,6 mil hectares na safra passada, para 5,7 mil na atual. (RS)

Melitta lança linha especial

Para certificar e popularizar o café nacional de boa qualidade, a multinacional Melitta lançou no mês passado a linha Regiões Brasileiras. “São cafés diferenciados pelos locais de produção e pelo tipo de torra. Os sabores são definidos por esse processo e buscamos mostrar as variedades do produtos que temos no País”, disse Gustavo Brunetto, gerente de marketing da empresa. São três versões diferentes de cafés: Mogiana Paulista, Sul de Minas e Cerrado. “Compramos o grão de cooperativas de produtores.” Ainda segundo o gerente da Melitta, além de mostrar no mercado interno o potencial de produção do produto, a nova linha busca promover o café produzido de forma sustentável. “As fazendas fornecedoras têm todo um processo de produção avaliado e com sustentabilidade.” (RS)

OS NÚMEROS

149 mil é o total de sacas de café que a região de Ribeirão deverá produzir nesta safra.

5,7 mil é o total de hectares plantados com café na safra atual na região de RP, segundo o IEA.

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