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Cafeicultor brasileiro ganha fôlego para financiar estocagem

O cafeicultor brasileiro deverá ganhar mais tempo para quitar o financiamento da estocagem de seu café


Em meio à crise de crédito, o cafeicultor brasileiro deverá ganhar mais tempo para quitar o financiamento da estocagem de seu café, sem ônus adicional, permitindo que ele retenha seus estoques pelo dobro do período atual, de acordo com proposta aprovada pelo Conselho Deliberativo da Política do Café (CDPC).

Com a medida, o produtor terá mais fôlego para manter estocado cerca de 6 milhões de sacas de 60 kg, segundo o Ministério da Agricultura.

O programa de financiamento da estocagem já existe, de acordo com resolução 3451, do Conselho Monetário Nacional (CMN), de 2007. Mas pela proposta aprovada pelo CDPC fica estabelecido que o cafeicultor poderá prorrogar o financiamento, se o preço estiver abaixo de um valor de referência de 306 reais por saca, sem ter que liquidar metade do empréstimo, como ocorria anteriormente.

"Com isso, não colocaremos no mercado café com preço inferior ao custo de produção", afirmou o secretário-executivo do Ministério da Agricultura, Silas Brasileiro, em nota oficial.

Antes o financiamento de estocagem já podia ser prorrogado. Só que, após seis meses, o produtor tinha que pagar 50% do financiamento ou vender o café no mercado, mesmo que o preço estivesse ruim.

"Agora, se estiver abaixo daquele preço, prorroga sem ter que vender nada, sem ter que pagar, é só essa a diferença em relação à regra anterior", explicou um técnico do Ministério da Agricultura, que pediu anonimato.

Atualmente, o preço do café no mercado físico brasileiro está em torno de R$ 265 por saca. O produtor poderá financiar R$ 200 por saca.

O técnico disse ainda que a medida foi tomada porque os preços atuais não remuneram os custos de produção, uma situação que foi agravada com a crise de crédito.

"Então, a medida dá um alívio, se a pessoa não tiver que pagar metade do financiamento ou vender a preço baixo", acrescentou o técnico.

A proposta do CDPC ainda tem que ser confirmada em reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN).

Para o presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson Ximenes, que representa os produtores, este programa é de suma importância, haja vista que não dá previsão de retorno do café ao mercado.

"Apesar de a estocagem objetivar a promoção de um efeito anticíclico na bienalidade da oferta brasileira, a previsibilidade do retorno desses cafés ao mercado tem gerado prejuízo ao produtor, considerando-se que há depreciação dos preços nos períodos em que se encontram os vencimentos das operações", disse Ximenes em nota.

Com a possibilidade de prorrogar os financiamentos sem ter que liquidar metade da operação, a expectativa do setor é de que não haja tal previsibilidade.

Pepro

Em nota do ministério, o secretário Silas Brasileiro indicou que os leilões de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor (Pepro) devem ocorrer independentemente da nova medida sobre os estoques, sem dar detalhes de data do início do programa.

"Nós vamos partir do valor de referência, R$ 275,00, adicionado de R$ 25,00 por saca, que viriam de recursos das Operações Oficiais de Crédito (OOC), totalizando R$ 300,00", afirmou.

O programa daria subvenção para cerca de 12 milhões de sacas.

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