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Cafeicultura em processo de mudança

Programa do governo pretende difundir tecnologia; setor busca produzir com mais qualidade


Programa do governo pretende difundir tecnologia; setor busca produzir com mais qualidade

A atividade cafeeira paranaense vive um momento de mudanças e tem dado passos para um novo modo de produção. Por muito tempo, o Estado focou na ampliação da produção, mas com as sucessivas quebras de safra nos últimos dez anos, o Paraná começou a perder mercado. Os produtores que permaneceram na atividade perceberam que precisavam dar uma nova cara para a cafeicultura para poder manter-se no setor e obter alguma margem de lucro. Agora, por meio do Plano de Reestruturação e Difusão de Tecnologia, o governo estadual pretende ajudar os agricultores a recuperarem essas perdas de produção e melhorarem a rentabilidade.


De acordo com o Departamento de Economia Rural (Deral), da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o valor pago pela saca varia hoje em torno de R$ 350 a R$ 380. Em 2011, a safra foi comercializada a R$ 400/sc. Paulo Franzini, gerente do Deral, afirma que os valores atuais, comparados à safra 2010, estão favoráveis. ''De 2004 a 2010 a saca do grão não passou dos R$ 250 e não proporcionou margem de lucro ao produtor'', sublinha.

O especialista justifica os melhores preços do momento ao fato de que nos últimos anos os estoques diminuíram e o consumo da bebida aumentou. Hoje o Paraná produz cerca de 2 milhões de sacas, mas possui uma demanda de 3,5 milhões/sc. ''A produção não acompanhou o mercado, ocasionando esse ciclo de alta no preços.'' E hoje, quando se comemora do Dia Nacional do Café, o representante do Deral avalia que a saída para o produtor é trabalhar com um grão de melhor qualidade, oferecer um produto diferenciado e investir em assistência técnica.

De acordo com Franzini, um cafeicultor com uma produtividade de 30 sacas por hectare, vendida a R$ 350, já consegue uma pequena margem de lucro. O especialista completa que o custo de produção pode variar muito, pois depende de inúmeros fatores como a qualidade do solo, tipo de variedade cultivada, entre outros. Por isso, segundo ele, não há uma margem de custo padrão. Entretanto, Franzini destaca que o valor da mão de obra é o que mais pesa no bolso do agricultor, chegando a representar 60% do total do valor gasto na produção.

Yassumassa Asami, produtor da região de Marialva, admite que a situação está difícil. ''Tivemos muitos problemas de clima devido à falta de chuvas. Mesmo assim aguardo uma safra razoável.'' Em uma área plantada de 19 hectares, o produtor espera, no mínimo, que os preços pagos pela saca cubram os custos de produção.


Neste cenário, o representante do Deral afirma que existem muitos produtores que estão deixando a atividade para trabalhar em outra atividade. ''De 2000 para cá o Paraná perdeu cerca de 50% de sua área de plantio'', salienta. De acordo com dados do Deral, no momento o Estado possui 88 mil hectares de café, 82 mil a menos do que se comparado ao ano 2000. Porém, Franzini frisa que aqueles que continuaram na atividade foram se profissionalizando, o que elevou a capacidade de produção do Estado. Para este ano, o Paraná estima colher 26 sc/ha, 11 sc/ha a mais do que se comparado à quantidade produzida em 2000.

Solução

Franzine aponta que para o produtor obter uma boa margem de lucro é necessário ter uma produtividade que gire em torno de 40 sacas por hectare. Para chegar a esse resultado, o especialista do Deral observa que é necessário um maior apoio técnico aos produtores. ''Tudo deve começar no solo. O produtor deve ter em mente que a análise e a correção é fundamental para elevar a produção''. Segundo ele, nos últimos 12 anos faltou investimentos porque a atividade não proporcionava recursos suficientes para o produtor investir na lavoura.

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