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Cafés especiais do Norte Pioneiro conquistam indicação geográfica

Investimento em capacitação, tecnologia e sustentabilidade contribuíram para a certificação da região paranaense como produtora da bebida, pelo INPI


Investimento em capacitação, tecnologia e sustentabilidade contribuíram para a certificação da região paranaense como produtora da bebida, pelo INPI

Os produtores de cafés especiais do Norte Pioneiro do Paraná estão em festa. No Dia Nacional do Café, celebrado em 24 de maio, receberam a notícia de que a região conquistou a Indicação Geográfica de Procedência (I.G.P.).

A certificação garante a origem, os processos de produção e algumas características sensoriais dos cafés do Norte Pioneiro. Além dos paranaenses, apenas outras duas regiões brasileiras, localizadas em Minas Gerais, apresentam o registro oficial, a Região do Cerrado Mineiro e a Serra da Mantiqueira.


O trabalho para conquistar a I.G.P., no Norte Pioneiro, iniciou em 2008 e confere maior visibilidade para a produção paranaense. “A conquista mostra o sucesso de um trabalho coletivo. Ao ser reconhecido oficialmente, o café da região passa a servir de referência, como o que acontece com o presunto de Parma, com os vinhos de Bordeaux e Borgonha”, afirma Allan Marcelo de Campos Costa, diretor-superintendente do Sebrae/PR.

“A certificação vai ampliar a competitividade dos cafés especiais e abrir novos mercados”, complementa Odemir Capello, consultor do Sebrae/PR e gestor do Projeto de Cafés Especiais.

De acordo com Luiz Roberto Saldanha, presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (ACENPP), entidade detentora da certificação e que representa os cafeicultores do território, a I.G.P. é uma ferramenta de comunicação com o mercado, reconhecida em todo o mundo.

Luiz Saldanha explica que os consumidores, cada vez mais exigentes, querem saber a origem do produto, como o café foi produzido e a qualidade do grão. “A I.G.P., combinada à estruturação associativa da comercialização e do rigoroso controle de qualidade implantado no Projeto de Cafés Especiais, responde às três perguntas e certifica a procedência, o processo de produção e os atributos únicos da bebida”, diz.

A certificação beneficiará aproximadamente 7,5 mil cafeicultores e suas famílias, espalhados por 45 municípios do Norte Pioneiro. Eles são responsáveis pela produção de 1,1 milhão a 1,3 milhão de sacas beneficiadas por ano, o que corresponde em média a 50% da produção paranaense de café.

Hulda Oliveira Giesbrecht, analista técnica da Unidade de Acesso à Inovação e Tecnologia do Sebrae Nacional, avalia que a I.G.P. é uma chancela que confirma que o café do Norte Pioneiro possui características exclusivas, que não podem ser encontradas em bebidas de outra parte do mundo. Para ela, a I.G.P. está além das outras certificações, que avaliam apenas algumas regras específicas.

“A I.G.P. comprova que o produto daquela região é único. Além disso, os produtores que estão naquela área assumem o compromisso de continuar produzindo da mesma forma, em relação ao manejo e ao beneficiamento, para manter a qualidade”, analisa.

Hulda Giesbrecht acrescenta que a I.G.P. promove uma melhoria contínua. “Além de agregar valor ao produto, contribui na redução de custos e no aumento de produtividade, interferindo em toda a cadeia produtiva”, enfatiza.

Para Enio Queijada de Souza, gerente de Agronegócio do Sebrae Nacional, gradativamente, o Paraná recupera lugar de destaque na cafeicultura nacional, com uma produção voltada para a qualidade. “A I.G.P. é uma maratona, e o Projeto de Cafés Especiais conseguiu ultrapassar os obstáculos. O desafio agora é encontrar mercados que remunerem o produto”, destaca.

História

A I.G.P. é registrada pelo Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI). A certificação do Norte Pioneiro, como região produtora de cafés especiais, é fruto de um trabalho intenso realizado pelo Sebrae/PR.

A iniciativa contou com parceria da ACENPP, do Instituto Agronômico do Paraná (Iapar), do Instituto Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SEAB), do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), da Associação dos Municípios Norte Pioneiro (Amunorpi), da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) e do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Paraná (CREA-PR).


O lançamento do Projeto de Cafés Especiais, em 2006, mostrou a nova realidade do mercado de cafés e norteou os agricultores para um novo modelo de produção. Antes focada na quantidade, a cultura do grão na região do Norte Pioneiro ganhou uma nova roupagem: a produção de cafés especiais.

“A fase conhecida como nova cafeicultura paranaense oferece maior rentabilidade para os produtores, já que a saca do café especial é vendida por um preço 20% mais alto em relação ao grão tradicional”, avalia Heverson Feliciano, gerente regional do Sebrae/PR no norte do Paraná.

Idealizado pelo Sebrae/PR e ACENPP, a intenção do Projeto de Cafés Especiais é transformar a região do Norte Pioneiro em uma referência na produção de café de qualidade. De acordo com Feliciano, a certificação coroa um trabalho de mais de cinco anos. “A I.G.P. credencia os cafeicultores como produtores de cafés especiais. A expectativa é de que, com a certificação, o projeto ganhe ainda mais dimensão”, afirma.

O Projeto de Cafés Especiais promove capacitações que orientam os produtores sobre as técnicas e os cuidados necessários em cada uma das etapas do processo, da semente à xícara, para garantir a produção de grãos de qualidade.
O Projeto de Cafés Especiais também incentiva a comercialização da marca própria, de forma organizada e com condições de atender os mercados interno e externo. Outra estratégia da ACENPP e Sebrae/PR, para divulgar a qualidade do café produzido na região, foi a concepção da Feira Internacional de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná – FICAFE.

O evento, realizado anualmente, marca uma nova etapa na história da cafeicultura paranaense.

Cafés especiais

Uma das diferenças entre um café especial e um café comercial é a pureza e a uniformidade dos grãos. Nos lotes de cafés especiais, o consumidor conhece a origem da bebida, graças à certificação da propriedade e à rastreabilidade do produto.

Os cafés especiais não apresentam nenhum defeito primário como grãos pretos, verdes ou ardidos. Uma prova ‘cega’, feita por especialistas que analisam amostras de cafés retiradas dos lotes atribuem notas, de acordo com o padrão da SCAA (Specialty Coffee Association of America). A classificação determina se um café é ou não especial. Para um café ser certificado como especial a nota recebida tem que estar acima dos 80 pontos.

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