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Cai o deságio para exportação de óleo de soja

Nesta terça-feira, o preço FOB no Porto de Paranaguá fechou em US$ 740 a t


O deságio - conhecido como prêmio - para exportação de óleo de soja está com desconto três vezes menor do que o esperado. Normalmente quando as cotações na Bolsa de Chicago (CBOT) sobem, o prêmio cai. "Mas está ocorrendo o inverso. A cotação internacional continua em alta e o prêmio também. É provável que estejamos diante de uma mudança de paradigmas, causada pela demanda por biocombustíveis", diz Gonzalo Terracini, analista de Risco da FCStone.

Desde o dia 5 de junho deste ano, o prêmio para o óleo de soja em Paranaguá está firme em menos 100 centavos de dólar por libra-peso, ante os 300 pontos negativos registrados em meados de maio deste ano, segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/USP).

No mesmo período dos anos de 2005 e 2006, esses prêmios (Paranaguá-PR) também estavam negativos em 300 centavos de dólar por libra-peso. "O prêmio está muito fortalecido, devido a uma forte demanda pelo óleo, não sei exatamente, se somente por biodiesel ou também para consumo humano", pondera Terracini.

O efeito é que com os prêmios mais atrativos e as cotações em alta na CBOT, os preços pagos ao exportador (FOB) em dólar ficaram 48% superiores que em junho de 2006. Nesta terça-feira (12-06), o preço FOB do óleo de soja em Paranaguá foi de US$ 740 a tonelada (contrato julho). No mesmo período do ano passado, a média foi de US$ 500 a tonelada e, em 2005, US$ 450, conforme compara Lucílio Alves, pesquisador do Cepea. No entanto, ele explica que, em moeda nacional, essa vantagem diminui e os preços de junho de 2007 tornam-se 25% maiores que do mesmo período de 2006, devido à valorização cambial.

Por conta desse cenário positivo para o óleo de soja, a Associação Brasileiras das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) projeta que neste ano, os preços médios do óleo de soja será 29% mais alto que a média de 2006. Enquanto isso, o mesmo indicador (preço médio) para a soja em grão aumentará 21% e para o farelo, 12%.

Para Terracini, esse efeito no mercado é especulativo, visto que não há hoje problemas nos níveis dos estoques mundiais de óleo. Há, segundo ele, uma antecipação de que a oferta de óleo poderá não ser suficiente para atender toda a demanda das fábricas de biodiesel previstas para entrar em operação entre 2007 e 2008. "Mas tudo o que está acontecendo e se refere ao biodiesel é novo. Ninguém sabe quais serão as conseqüências", pondera Terracini.

Para Miguel Biegai Júnior, da Safras & Mercados, esse "efeito biodiesel" continuará no mercado por mais cerca de quatro anos. "Temos uma demanda muito grande, para uma oferta de óleo menor. Essa condição só será normalizada quando outras alternativas de matéria-prima, como o pinhão-manso, estiverem disponíveis", diz Biegai.

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