Mato Grosso vai expandir área de cultivo na safra 2003/4 e não terá problema para corrigir solo.
Mato Grosso quer expandir sua área de cultivo em 20% neste ano, saltando dos atuais 5,89 milhões de hectares (ha) para 6,75 milhões de ha. E além disso dá a arrancada para a reforma de 5 milhões de ha de pastagem degradada. Tanto para manter a atual produção agropecuária quanto para incorporar mais terra ao processo produtivo, o estado depende de calcário agrícola, insumo do qual é campeão nacional de produção, sendo que no ano passado foram extraídas 4.623.418 toneladas (t) nas 23 jazidas à época em exploração.
Calcário é o pó de cor clara extraído de rocha formada por carbonato de cálcio. Sua utilização nas lavouras mecanizadas no cerrado em Mato Grosso é imprescindível para correção de solo. Produto de custo baixo (R$ 18/t) na fonte, ele se torna mais caro em função do frete até a área de cultivo.
A distribuição das jazidas em pontos distintos do estado facilita o atendimento aos agropecuaristas e impede uma disparada de preço em razão do frete. Os eixos de extração do calcário estão nas imediações dos principais pólos de produção de soja - lavoura que consome 70% desse insumo.
Relatório da Companhia Matogrossense de Mineração (Metamat) cita que em Mato Grosso estão instaladas ou em fase de instalação 27 moinhos de calcário nos municípios de Alto Garças, Barra do Bugres, Cáceres, Cocalinho, Cuiabá, Nobres (o principal pólo dessa atividade), Nova Xavantina, Paranatinga, Planalto da Serra, Poxoréo, Primavera do Leste, Rosário Oeste e Tangará da Serra. A Metamat não participa diretamente do processo extrativo, embora seja dona de uma jazida com 760 ha em Rosário Oeste e com reserva de 328 milhões de t. "Nosso papel é regulador. A iniciativa privada é suficientemente capaz de atender à demanda, e inclusive não trabalha no topo de sua capacidade, mantendo-se parcialmente ociosa, porém preparada para aumentar a oferta caso se faça necessário", argumenta o presidente da Metamat, João Justino Paes Barros.
O objetivo de expansão da área de cultivo exigirá mais calcário, mas isso não será problema. Essa afirmação é do assessor da Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração, Joaquim Moreno. Ele sustenta que o empresariado investiu "pesado" no setor e que pode responder à qualquer demanda.
O aumento da área cultivada em Mato Grosso não deverá implicar na abertura de grandes frentes de expansão da lavoura. Ela estará diretamente ligada à reforma da pastagem degradada numa área global de 5 milhões em todas as regiões do estado. Somente neste ano a agropecuária deverá substituir temporariamente 700 mil ha de gramíneas por arroz de terras altas e outros cultivos.
A migração da lavoura para a pastagem passa pela aplicação de calcário e se faz necessário para garantir a continuidade do crescimento do rebanho bovino estadual, que na última etapa de vacinação contra aftosa - em novembro do ano passado - para animais de todas as idades era de 21,6 milhões de cabeças.