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Câmara do milho do RS reivindica preço médio de R$ 20 ao produtor


A Câmara Setorial do Milho encaminhará, brevemente, ao governo federal pedido para que se adote como parâmetro de preço pago ao produtor o valor de R$ 20 pelo saco de 60 quilos. A decisão foi tomada nesta terça-feira (23-03), na Secretaria da Agricultura e Abastecimento (SAA).

Atualmente, o agricultor recebe R$ 17,34 pela saca do grão, conforme levantamento da Emater. O pleito será enviado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), em Brasília. Com a medida, a intenção da cadeia produtiva é equiparar o pagamento feito ao produtor com o desembolso das granjas e das indústrias avícola e suinícola, que compram a unidade de 60 quilos do cereal por R$ 22 em média.

O segmento examinou ainda a situação do Programa Troca-Troca de Sementes, mantido pela SAA, e os efeitos da estiagem no campo. De acordo com o consultor técnico da Federação das Cooperativas Agropecuárias (Fecoagro), Ricardo Núncio, o preço ideal pago ao produtor de milho deveria ser R$ 21 a saca.

Representantes da Associação de Criadores de Suínos (Acsurs), Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e Federação da Agricultura (Farsul) sugeriram, então, o valor de R$ 20. "O objetivo é equalizar o preço do grão", justificou o presidente da Comissão de Grãos da Farsul, Jorge Rodrigues. Em relação aos prejuízos na lavoura de milho causados pela estiagem no Estado, o setor analisou dados da Emater, Conab e Fecoagro.

O agrônomo da Emater Eniltur Viola comentou os números da seca divulgados na semana passada pela empresa. Segundo o especialista, o problema maior reside nas áreas semeadas "no tarde" (safrinha a partir de dezembro), estimadas em aproximadamente 400 mil de um total de 1,34 milhão de hectares cultivados com o cereal.

A produção total deve atingir 4,75 milhões de toneladas (12,42% menos em comparação à colheita anterior) e produtividade média de 3529 quilos por hectare (6,29% menos do que o obtido na safra de 2003). Já a Conab projeta, segundo estimativa de fevereiro, produção de 4,6 milhões de toneladas em área de 1,2 milhão de hectares. A produtividade deve alcançar 3,6 mil quilos por hectare.

Na avaliação da Fecoagro, os danos são ainda maiores, com projeção de colheita de 4 milhões de toneladas. Os técnicos concordaram quanto à diminuição da área de cultivo. "Trata-se da menor nos últimos 20 anos, devido a problemas de remuneração do milho e maior interesse do produtor pela soja", considerou Viola.

Sobre o Troca-Troca de Sementes, que atende 220 mil produtores do cereal, o coordenador do programa, Iberê Orsi, explicou que o projeto, criado há 16 anos, abrange hoje de 40 a 45% da área total de milho no Rio Grande do Sul. Em decorrência da estiagem, Orsi lembrou que nesta quinta-feira (25), o prazo de quitação de débitos de 15 mil produtores com o programa será revisto no encontro do conselho do Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento das Pequenas Propriedades Rurais (Feaper). A meta é prorrogar por um ano o pagamento das pendências e incluir forrageiras no programa.

Na última parte do encontro, a pesquisadora da Embrapa Clima Temperado, com sede em Pelotas, Marilda Porto relatou experiências com o plantio de milho em área de arroz irrigado na Metade Sul.

Ela afirmou que esse tipo de cultivo ainda não se desenvolveu no Estado, porque os produtores daquela região, além de possuírem especialização somente em lavoura de arroz, optam pela soja, mais rentável. Porém, a pesquisadora defendeu o milho irrigado em função de ser "a cultura que melhor responde à irrigação, com elevada produtividade, de até 8 a 10 mil quilos por hectares conforme as características da região".

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