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Câmbio faz Agropalma desistir da exportação

A decisão foi motivada pela desvalorização do dólar que tirou a competitividade da empresa diante dos concorrentes


Mesmo com as altas do óleo de palma no mercado, a Agropalma, maior fabricante nacional do produto, decidiu suspender as exportações neste ano. Segundo o diretor comercial, Marcello Brito, a decisão foi motivada pela desvalorização do dólar que tirou a competitividade da empresa diante dos concorrentes, principalmente a Malásia, maior produtora mundial.

Em 2006, a Agropalma produziu 135 mil toneladas de óleo de palma, das quais 155 foram exportadas. No ano anterior, 40% das 130 mil toneladas produzidas foram direcionadas para o mercado interno, segundo Brito. "Este ano, resolvemos parar a venda externa e redirecionar o produto para o mercado interno. Estamos com câmbio quase duas vezes mais valorizado do que o da Malásia", compara Brito.

Há cerca de três anos com produção de óleo inferior à demanda mundial, o mercado de óleo de palma vem apresentando valorizações. Nos últimos seis meses, as cotações do óleo acumularam alta de 30%. No mesmo período, o dólar foi desvalorizado em 10% frente ao Real. Segundo informações da consultoria Abiossa, ontem a cotação da tonelada do óleo de palma na Bolsa de Chicago (CBOT) fechou em US$ 840, 42% maior que no mesmo dia do ano passado (US$ 480).

Mas, segundo Brito, além da perda cambial, a Agropalma também registrou aumento dos seus custos de produção, resultado da alta dos preços dos insumos, sobretudo fertilizantes, e do frete marítimo. "Esses fatores juntos tiraram nossa competitividade lá fora", detalha Brito.

O Grupo Agropalma possui uma área de plantio de palma de 82 mil hectares e responde por cerca de 80% da produção nacional. Em 2007, a empresa deve produzir 11% menos que em 2006, (120 mil toneladas) devido ao recuo da produção da matéria-prima no Brasil. "Estamos sentindo agora o reflexo da seca que aconteceu há dois anos na Amazônia, a maior dos últimos 50 anos", explica.

Segundo Miguel Biegai, analista de Agroenergia da Safras & Mercado, além das diferenças cambiais, outros fatores dificultam a competição das empresas brasileiras no mercado externo. "O Brasil não tem escala na produção da matéria-prima e nem do óleo", cita Biegai.

Já Malásia e Indonésia, maiores produtoras mundiais, segundo ele, têm economia de escala e externalidades positivas, ou seja, dinamismo no setor, resultado de existência de infra-estrutura, pesquisa e mão-de-obra qualificada.

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