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Cana avança mais sobre lavouras que na pecuária em MS

A produção tem impulsionado a cana sobre as lavouras de soja e milho


O elevado potencial produtivo das terras na região centro-sul do Estado, somando à forte capacidade de investimento dos empresários do setor sucroalcooleiro, tem impulsionado a expansão da cana, primeiramente, sobre as áreas de lavouras de soja e milho nos principais municípios produtores de grãos do Estado, onde os usineiros encontram terras mais produtivas para cultivo da cana, como forma garantir boa rentabilidade.

A análise é do professor doutor em administração Olivier François Vilpoux, que na sexta-feira ministrou, em Campo Grande, a palestra intitulada "O mercado da cana-de-açúcar e a as conseqüências na pecuária".

Apesar do temor inicial de que a cana poderia tomar lugar da pecuária extensiva no Estado ou se expandir utilizando áreas agricultáveis ainda não incorporadas ao processo produtivo, na prática, a boa rentabilidade dos arrendamentos de terras para cultivo da cana estão incentivando muitos sojicultores da região centro-sul a se render à expansão sucroalcooleira.

De acordo com Olivier, os produtores enfrentam sérios paradigmas de mudanças no seu próprio perfil, uma vez que estão deixando de produzir apenas alimentos para produzir também energia. Por outro lado, há ainda, e em ritmo crescente, aqueles que passam a ser os arrendatários, motivados pelos valores pagos pelos arrendamentos das terras que, neste ano, chegaram a R$ 300 por hectare/ano.

Apesar de todo o cenário de expansão da cana, o professor explica que a área plantada com a cultura no Estado foi de 120 mil hectares na safra 2004/2005, de 170 mil hectares em 2006/07 e estima-se cultivo em 226,9 mil hectares no ciclo 2007/08. Nestes patamares, e mesmo que o Estado alcance as previsões mais otimistas de atingir pouco mais de 1 milhão de hectares, a cana ocupará parcela pequena da área total ocupada pela agricultura e pela pecuária. Somente as pastagens ocupam mais de 20 milhões de hectares em MS. "A cana não vai roubar espaço significativo da pecuária. O problema é que a maior expansão está ocorrendo sobre as lavouras de forma concentrada nos principais pólos que hoje produzem grãos", ressaltou.

Olivier lembra que o Estado tem 11 usinas em funcionamento que demandam quase 230 mil hectares neste ano, e outras 27 indústrias já em implantação que aumentarão a área com cana em mais 690 mil hectares. Além disso, há previsão de outras 13 usinas em fase de negociação que ocupariam mais 325 mil hectares. Segundo ele, se os investimentos se confirmarem, MS terá 51 usinas em 28 municípios e a área total com cana se aproximará dos 1,2 milhão de hectares, que equivalem a um terço da área ocupada hoje com cana no Estado de São Paulo, por exemplo. "Desta forma, não precisamos temer a expansão da cana. Ela vai, sim, impactar em algumas áreas, principalmente, nas regiões de melhor produtividade, inclusive, valorizando as terras como já tem ocorrido, mas a área em MS tende a se manter em patamares mais razoáveis na comparação com São Paulo", disse o professor, ao acrescentar que as principais áreas de pecuária do Estado não estão perdendo espaço para a cana, mas sim as principais regiões produtoras de grãos, já que a área estimada para a cana será equivalente a quase metade da área da soja em MS.

Para Olivier, se a cana ocupar um milhão de hectares, praticamente, concentrados na região centro sul o Estado, o que representaria aumento de quase 10 vezes a área cultivada com a cultura na comparação com os 120 mil hectares plantados na safra 2005/06, o Estado se posicionará como o terceiro maior produtor de álcool e açúcar do País, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais. No entanto, ele ressalta que, hoje, não há infra-estrutura para exportação do álcool produzidos em regiões como MS e Goiás. "Por isso, o alcoolduto Cuiabá/Campo Grande/Paranaguá tem sido estudado. Não adiantará o Estado produzir estes volumes se não conseguir escoar a produção", completou.

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