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Cana pode ser fonte de combustível na aviação

A afirmação é do consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc


A cana-de-açúcar abre novas perspectivas energéticas, além da produção de etanol, podendo servir de matéria-prima para a produção de combustível para a aviação. A afirmação é do consultor de emissões e tecnologia da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Alfred Szwarc, ao comentar sobre estudo divulgado pela Boeing e um time de empresas da indústria da aviação, na quarta-feira (17-06), que mostra que os biocombustíveis têm um desempenho melhor em relação ao combustível tradicional, querosene de aviação a base de petróleo.

Segundo Szwarc, processos inovadores de conversão dos açúcares contidos na cana em hidrocarbonetos estão em fase de desenvolvimento, utilizando diversas rotas tecnológicas. Pesquisadores que trabalham nesses projetos alegam que além de biocombustíveis semelhantes à gasolina e óleo diesel, também é possível obter um produto similar ao querosene de aviação. "Obviamente, temos ainda um caminho a percorrer, com a demonstração da viabilidade técnica e econômica desses processos para produção em escala comercial do bioquerosene, bem como, a comprovação de que o produto atende os requisitos técnicos para o seu uso. De todo modo, abre-se de uma possibilidade muito interessante para a aviação civil, responsável por cerca de 5% das emissões globais de gases de efeito estufa, em reduzir as emissões de carbono".

O estudo denominado Avaliação de Querosene Sintética Bio-Derivada (Evaluation of Bio-Derived Synthetic Paraffinic Kerosene - Bio-SPK) reproduziu uma série de testes em laboratório, em solo e durante os vôos, conduzidos entre 2006 e 2009, que indicaram que os combustíveis testados (Bio-SPK) tiveram desempenho tão bom, ou melhor, do que o combustível tradicional. Os testes foram realizados em turbinas de aviação comercial utilizando misturas de até 50% querosene de aviação a base de petróleo (Jet A/Jet A-1) e 50% de biocombustível.

Os testes revelaram ainda que a mistura de combustíveis Bio-SPK possuem mais energia do que o tradicional querosene de aviação a base de petróleo. Combustíveis renováveis estão sendo considerados na aviação devido a sua alta redução de gases de efeito estufa.

“Hoje a aviação civil, como outros importantes setores da economia, se defronta com o desafio de mitigar as emissões dos gases responsáveis pelo aquecimento global e diminuir a dependência do petróleo”, afirmou Szwarc.

Segundo o diretor de estratégia ambiental da Boeing Aviações Comerciais (Boeing Commercial Airplanes), Bill Glover, os resultados obtidos são muito gratificantes. “Todos da equipe estão trabalhando para fazer dos biocombustíveis uma solução real na redução da pegada de carbono da aviação, e esses resultados nos deixa mais perto deste objetivo.”

O relatório é endossado pela Boeing, pela empresa que desenvolve tecnologia em combustíveis, UOP, pela CFM International, pela Honeywell e pelas fabricantes de turbinas, GE Aviation, Pratt & Whitney, Rolls-Royce. Além das companhias aéreas, Air New Zealand (ANZ), Continental Airlines (CAL), Japan Airlines (JAL) e Virgin Atlantic.

O portal Biofuels Digest divulgou ainda que estas empresas estão a caminho da certificação de biocombustíveis para uso na aviação, previsto para até o final de 2010. De acordo com entrevista concedida ao portal, Billy Glover afirmou que o grupo está preparando um requerimento para a ASTM International, organização que desenvolve padrões técnicos, que vai qualificar o combustível Bio-SPK.

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