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Capacitação inicia processo de mudança na cadeia da olericultura em MT

Entre as possíveis causas para a baixa oferta local de olerícolas está a falta de conhecimentos por parte dos agentes


Em sua propriedade no município de Tapurah (MT), o técnico agrícola e produtor rural, Marcos Aurélio Piola, produz mais de dez espécies de hortaliças que vende com facilidade nos mercados de sua cidade e de Lucas do Rio Verde. O agricultor aproveita-se de um mercado consumidor crescente e que não tem suas demandas atendidas por produtores locais.

De acordo com pesquisa feita pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar, apenas 43,84% das hortaliças consumidas em Mato Grosso são produzidas no estado. Entre as possíveis causas para a baixa oferta local de olerícolas está a falta de conhecimentos por parte dos agentes de assistência técnica e extensão rural.

“Um problema que enfrento como produtor é a questão da assistência técnica. Muitas vezes os órgãos que teriam de suprir esta demanda nossa não conseguem chegar até nós. A assistência que temos é dos técnicos vendedores de insumos”, afirma o produtor.

Esta realidade pode começar a mudar com o início de mais um processo de capacitação continuada de agentes da assistência técnica e extensão rural promovido pela Embrapa Agrossilvipastoril e entidades parcerias, como Empaer, Governo de Mato Grosso, Ministério do Desenvolvimento Agrário e prefeituras. Na última quinta e sexta-feira, 27 técnicos da região do Alto Teles Pires participaram, em Sorriso, do módulo 1 da capacitação em olericultura.

O curso visa apresentar aos participantes as tecnologias já existentes para a cadeia e que podem ser incorporadas à produção matogrossense, de modo a aumentar a produtividade e a qualidade dos produtos. Com isso, espera-se possibilitar aos agricultores, sobretudo os agricultores familiares, maiores possibilidade de acesso ao mercado de hortaliças do estado.

“Existe um mercado em aberto em Mato Grosso e os produtores têm um campo para crescer, com perspectivas de rendimento financeiro. Mas eles estão limitados pelo conhecimento, pelo saber fazer. E é isto que motiva esta capacitação. Motiva o treinamento dos técnicos, para que eles treinem os produtores. Assim a produtividade pode aumentar, a sazonalidade da produção tende a diminuir e este mercado poderá ser abastecido, gerando, no estado, a renda que está sendo enviada para fora com a compra destes produtos”, afirma o pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril Flávio Fernandes Júnior.

Módulo 1

O primeiro módulo desta capacitação teve caráter introdutório, com a discussão de temas básicos. Inicialmente foi feita uma apresentação da metodologia de trabalho da capacitação continuada. Na sequência, Flávio Fernandes fez uma explanação do cenário da olericultura no Brasil e em Mato Grosso, mostrando aos técnicos o potencial produtivo da cadeia e as perspectivas de trabalho.

“As palestras iniciais foram também com objetivo de mostrar com clareza que é uma oportunidade para todo mundo, inclusive para eles [técnicos] profissionalmente. Salientar como está a cadeia em nível nacional e estadual também tem o objetivo de entusiasmá-los e mostrar as perspectivas também para quem está na assistência técnica”, explicou o pesquisador.

Conhecimento básico para o desenvolvimento de qualquer cultura, os aspectos do soloocuparam o restante da programação do módulo. Primeiramente, o pesquisador da Embrapa, Silvio Spera abordou a origem, formação, classificação e os usos do solo. Na sequência, o pesquisador Eduardo Matos fez uma abordagem sobre a interpretação de análises de solos e recomendação de adubação e calagem. Como parte da dinâmica, propôs aos participantes exercícios práticos simulando o trabalho do dia-a-dia no campo.

“A recomendação de adubação e de calagem é importante tanto para você implantar um sistema de produção, como também para a manutenção. Se eu tenho um sistema produtivo em que produzo ao longo dos anos, tenho de adubar sempre. Tenho de analisar meu solo constantemente, ver quais são as características dele e quais as necessidades de adubação”, explica o pesquisador Eduardo Matos que também fez uma palestra sobre adubação verde, quando apresentou espécies capazes de potencializar o ciclo de nutrientes no solo.

Ainda no tema solos, a programação do módulo foi encerrada com uma apresentação sobre a microbiologia dos solos, feita pelo também pesquisador da Embrapa Agrossilvipastoril, Anderson Ferreira. Na pauta estava um nivelamento de conhecimentos sobre a microbiota presente no solo e a ação dela no processo de ciclagem de nutrientes, na estruturação e fertilidade do solo.

“Ao levarem esta mensagem para o produtor, eles tomarão maior cuidado com o manejo do solo. Ações e intervenções que se faça no solo devem sempre levar em conta que o solo é vivo. Além disso, hoje nós temos produtos no mercado com os quais você pode incrementar a diversidade do solo, ou inserir microorganismos com ações específicas ou benéficas para a olericultura”, disse o pesquisador.

Mesmo com o processo de capacitação ainda no início, os técnicos já se mostram motivados com o aprendizado. Segundo Evandro de Paula, agrônomo da prefeitura de Sinop, hoje em dia é cada vez mais necessário o conhecimento das tecnologias, uma vez que os produtores têm demandado mais da assistência técnica.

“O produtor hoje está um passo na frente, pois ele tem a internet a seu favor. E o questionamento é muito grande. Temos de nos preparar porque a cobrança é muito grande”, disse.

Para o coordenador regional da Empaer, Márcio Eduardo Cruz, processos de capacitação como este irão fortalecer a assistência técnica e extensão rural em Mato Grosso, beneficiando, sobretudo, a agricultura familiar.

“Hoje você vê a carência do pequeno produtor no estado. A Empaer e a assistência técnica das prefeituras ainda necessitam de mais capacitação para serem efetivas. Os técnicos tendo esta oportunidade que estão tendo, poderão valorizar muito a produção e a qualidade dos produtos”, disse.

Baixada Cuiabana

Nesta terça e quarta-feira, será a vez de técnicos da Baixada Cuiabana participarem da Capacitação Continuada da Cadeia Produtiva da Olericultura. Um módulo com a mesma programação realizada em Sorriso será promovido em Poconé (MT). Cerca de 30 técnicos desta região devem participar do curso.

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