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Caprinos viram alternativa de renda no sertão sergipano

Criadores aprendem novas técnicas de manejo para melhorar a produção


A criação de cabras sempre fez parte da rotina dos moradores do município de Poço Redondo, localizado no alto sertão sergipano. Ao lado ou até mesmo no fundo das residências é comum vê-las dividirem espaço com galinhas, patos e outros animais nas propriedades. A prática sempre foi vista como uma “poupança”, já que os animais normalmente são comercializados pelos criadores nas feiras livres em momentos de dificuldades financeiras.


O que muitos deles não contavam era com a possibilidade de obter um complemento na renda familiar através da atividade. Graças a um projeto desenvolvido Sebrae em Sergipe e a Petrobras, por meio do programa Desenvolvimento & Cidadania, cerca de 30 famílias do Povoado Queimadas começam a vislumbrar um novo cenário para a caprinocultura.

A mudança nos hábitos dos moradores começou em 2005. Naquela época o Sebrae desenvolvia em Nossa Senhora da Glória um projeto pioneiro, o consórcio do bode. A prática funcionava de forma semelhante ao modelo adotado na aquisição de veículos e residências, pois cada interessado pagava uma determinada quantia a ser depositada em uma conta gerenciada pela Associação dos Criadores. A cada mês uma pessoa era sorteada e o dinheiro arrecadado deveria ser utilizado na compra de animais.

O projeto foi elogiado em todo o país, e o seu gestor, o analista Antônio Cardoso, convidado a apresentar o modelo em um simpósio internacional na Paraíba. Para relatar a experiência, surgiu a ideia de montar uma peça de teatro. Foram convidados alguns jovens de baixa renda do município de Poço Redondo para as vagas dos atores. O espetáculo foi um sucesso e em pouco tempo passou a ser apresentado em diversos estados.

Ao perceber o compromisso dos estudantes com o trabalho, os técnicos responsáveis pelo projeto perceberam a necessidade de elaborar uma alternativa de renda para aquele grupo. Como a criação de cabras já fazia parte do cotidiano da maioria deles, foi oferecida a proposta de realizar um trabalho na área. O problema é que os jovens não possuíam uma representação. Para resolver o impasse buscou-se o apoio da Associação Comunitária de Queimadas, que atendia aos pré-requisitos legais.


Através de um edital aberto pela Petrobras surgiu o projeto Cabra Nossa. “As propostas eram buscar o aperfeiçoamento dos jovens de forma autônoma para atuar na difusão dos conhecimentos relacionados à caprinocultura, sempre utilizando o teatro como instrumento, e agregar infraestrutura às pequenas propriedades de Poço Redondo”, explica a coordenadora do projeto Virgínia Lúcia.

Hoje, de forma coletiva, os criadores já acondicionam cerca de 50 animais no local. Aqueles destinados ao abate são vendidos junto a atravessadores ou em feiras livres. Já o leite é utilizado na subsistência das famílias. A meta agora é garantir a aquisição de novas espécies para aumentar a oferta de carne e leite, uma câmara de resfriamento para os derivados e a instalação de um campo voltado à produção de palma, que deverá utilizada na alimentação dos animais.

“As nossas cabras eram criados soltas, sem muito cuidado. Quando levávamos os animais até a feira as pessoas não pagavam muita coisa por eles. Agora, conhecendo a maneira correta de cuidá-los, vemos que a qualidade do rebanho melhorou bastante e isso refletiu nos preços que conseguimos hoje”, diz José Adílson de Lima, presidente da Associação Comunitária e um dos beneficiados pelo projeto.

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