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Caramuru Alimentos investe em diversificação de mercado

A empresa quer diversificar sua área de atuação para recuperar competitividade


Depois de perder competitividade para os vizinhos do Mercosul, a Caramuru Alimentos pretende diversificar sua área de atuação e agregar valor aos seus produtos, de olho em um novo mercado. A partir de março, a empresa começa a produzir biodiesel em Goiás.

Além disso, passa a oferecer o serviço de operação portuária do terminal de Santos (SP) para produtores rurais exportarem diretamente. O vice-presidente do Conselho de Administração da empresa, César Borges de Sousa, estima que em 2007 cerca de 10% do faturamento virá da produção do combustível. De acordo com informações do Banco Nacional de Desenvolvimento Social e Econômico (BNDES), agente financiador do projeto, a liberação de recursos foi de R$ 42,8 milhões. A Caramuru não divulga o total investido.

"O biodiesel sinaliza uma melhora para a indústria brasileira de óleo", diz. Segundo ele, não haverá aumento na produção brasileira de óleo e sim o redirecionamento do produto do mercado externo para o interno, o que, em sua avaliação "vai ocasionar mais perda de espaço nas exportações".

Nos últimos dez anos, só a Caramuru perdeu US$ 500 milhões deste mercado para os argentinos, conforme estima o executivo. Valor que é de cerca de US$ 12 bilhões para todo o setor no Brasil, segundo dados da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). "A Argentina coloca o produto no navio a um valor menor que o nosso custo de processamento na indústria", compara o executivo.

Além de custos com energia e outros insumos menores que os do Brasil, os vizinhos têm diferença na taxação entre exportação de grão e de óleo e farelo, com vantagem para os dois últimos.

Terminal:

A operação do terminal de Santos por parte de produtores vai diminuir a capacidade ociosa, destinando 20% da estrutura atual. Sousa acredita que a viabilidade de uso ocorrerá para sojicultores de Mato Grosso e do Sudeste de Goiás, já que as cargas poderão vir com mais economia de frete do terminal hidroviário da empresa em São Simão (GO).Ele informa que a empresa poderá dispor das vantagens dos seus contratos de transporte hidro-ferroviário, reduzindo os custos de quem utilizar o serviço da Caramuru. Além disso, segundo ele, dependendo da negociação, poderão ser oferecidos outros serviços, como o apoio na captação de recursos para financiamento de armazéns.

A empresa opera dois terminais no corredor de exportação do Porto de Santos que juntos somam capacidade de armazenagem de 210 mil toneladas. Cerca de 75 mil toneladas são operados para a Citrosuco e o restante, dividido em partes iguais entre Caramuru e a Brasil Ferrovias. "Está prevista a ampliação dessa capacidade em mais 45 mil toneladas", diz.

Para Sousa, o custo do serviço vai depender de cada contrato, de negociações individuais. No entanto, um parâmetro a ser utilizado pode ser o da própria economia feita pela Caramuru para transportar seus produtos da fábrica de São Simão até o porto paulista. São no total 1.158 quilômetros, dos quais 634 quilômetros feitos por hidrovia - do rio Paranaíba (GO) até a altura de Pederneiras (SP), da hidrovia Tietê-Paraná. Deste ponto, a carga é transportada para os vagões da Brasil Ferrovias, percorrendo outros 524 quilômetros até Santos.

A operação com esses modais gera um custo de, aproximadamente, R$ 54,28 por tonelada no trecho. Caso a tonelada fosse transportada por rodovia, o trecho total - 1.158 quilômetros - teria um custo duas vezes maior, ou seja, em torno de R$ 110 a tonelada.

Nos últimos três anos, a Caramuru investiu cerca de R$ 100 milhões para viabilizar a intermodalidade rodo-hidro-ferroviária. Com isso, conseguiu reduzir entre 15% e 20% seus custos com transporte.

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