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Importação de lácteos cresce e acentua crise do leite

Leite em pó importado custa quase 30% menos que o nacional


Foto: Pixabay

De acordo com a análise desta terça-feira (2), publicada pela Scot Consultoria, a queda consecutiva nos preços do leite pago ao produtor tem ganhado destaque. O boletim aponta que “a produção nacional crescente”, apoiada em dados do IBGE, mostra que a produção inspecionada no primeiro semestre “aumentou 6,9%”, enquanto no terceiro trimestre a captação formal de leite subiu “10,3% frente ao mesmo período de 2024”, segundo dados parciais. Esse avanço, somado a uma demanda que não acompanha o mesmo ritmo, compõe o cenário atual.

O informativo destaca que, diante desse quadro, “a importação nos últimos meses adicionou pressão ao mercado”, tornando-se um dos elementos centrais da crise. Em setembro e outubro, o volume importado de lácteos cresceu mês a mês, “21,1% e 8,0%, respectivamente”, tendo Argentina e Uruguai como principais fornecedores.

Segundo a Scot Consultoria, o principal item adquirido foi o leite em pó, que representou “em média, 72,5% dos lácteos adquiridos pelo país”. O avanço das importações, que voltou a níveis do início do ano, ocorreu devido à competitividade dos preços internacionais, estimulada pela maior oferta nos países vizinhos, e pela “desvalorização do real frente ao dólar”.

O levantamento mostra que o preço médio do leite em pó importado em setembro e outubro foi de “US$ 3,79 por quilo”. No mercado doméstico, o mesmo produto ficou cotado “em média, em R$ 30,84, ou US$ 5,74”, considerando o câmbio médio de R$ 5,38 por dólar. Assim, o produto importado custou “29,6% menos que o nacional”.

Apesar do aumento das compras externas nos últimos meses, o relatório observa que, entre janeiro e outubro, o volume importado de leite em pó ficou “0,8% menor” que o registrado no mesmo período do ano anterior.

Para os próximos meses, a Scot Consultoria aponta que os preços futuros do leite em pó no mercado internacional, segundo a plataforma Global Dairy Trade, vêm apresentando recuos. O informativo explica que “o cenário de maior oferta global intensifica a pressão sobre as cotações”, e embora a demanda esteja acima do nível do ano passado, ela “ainda não é suficiente para equilibrar a relação entre oferta e consumo”.

Em sentido contrário, a maior produção nacional tende a limitar a necessidade de importação. O boletim afirma que, com o retorno das chuvas e possível recuperação das pastagens, “a oferta tende a seguir crescente”. Além disso, algumas unidades da federação adotaram medidas indiretas que afetam o fluxo de lácteos importados, contribuindo para “o desestímulo às compras externas”.

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