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CE: Produção de hortaliças tem queda por causa da seca

Os agricultores alegam que a produção ficou inviabilizada devido à carência de água


A estiagem que assola o sertão cearense desde 2012 afetou os produtores de hortaliças. Nesta época do ano, os poços secaram ou estão com nível de água muito baixo. A dificuldade para a irrigação dos canteiros de verdura faz com que a maioria desista do cultivo de pimentão, coentro e cebolinha. A queda na produção já traz reflexo na feira livre desta cidade.

Há pelo menos quatro meses que não chove no sertão cearense. Os reservatórios (açudes, lagoas e poços) secaram ou estão com pouca água. "A produção ficou inviável porque não há água sequer no Rio Trussu. Só vou colher esse restante e não vou mais plantar", disse o produtor de hortaliças Francisco Ribeiro, da localidade de Barreiras, zona rural de Iguatu.

Ao lado da mulher, Ribeiro mostra tristeza com parte do cultivo de hortaliças perdido por falta de água. "O poço secou e não tem água no rio", reafirmou. Apesar da liberação de água do Açude Trussu, por meio da válvula dispersora, o recurso não chega à comunidade. Esbarra em barreiros feitos no leito por agricultores", reclama o horticultor.

Fiscalização

A Companhia de Gestão dos Recursos Hídricos (Cogerh) há mais de dois meses disse que iria fiscalizar a passagem de água que deveria ser livre ao longo do leito do Rio Trussu, mas os produtores rurais e moradores de comunidades às margens do rio reclamam da escassez de água.

O agrônomo Antonio Pereira, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), confirmou que, nesse período, após cinco anos seguidos de chuvas abaixo da média, ocorre significativa perda das reservas hídricas, afetando seriamente as atividades agropecuárias. "O quadro é grave com enormes dificuldades para os criadores e produtores rurais. A cada semana, a cada mês, a situação vem piorando", frisou.

Pereira disse que os produtores de hortaliças são afetados por falta de água. "É uma situação que ocorre em todos os municípios. Dezenas de horticultores deixaram de produzir por causa da seca. Nos canteiros, as verduras estão morrendo", disse.

Francisco vendia a produção na própria comunidade em que mora e o excedente para um vendedor que revendia as hortaliças em localidades vizinhas. Em média, obtinha uma renda de R$ 500 por mês, além da aposentadoria rural. "Não temos o que fazer, senão esperar pelas chuvas no próximo ano", afirmou.

Na localidade de Gadelha, zona rural de Iguatu, o pequeno produtor rural Luís Neudo Silva também abandou o canteiro de cheiro-verde e pimentão, em meados de agosto passado. "Está tudo seco e não tinha como fazer novo cultivo. Outros verdureiros também deixaram de produzir aqui na região", contou.

Comércio

No Centro de Abastecimento em Iguatu, os vendedores de verduras se queixam da queda na oferta das folhagens e pimentão. "Caiu cerca de 30%", disse o feirante José Lima. A vendedora de frutas e verduras Maria do Nascimento contou que teve que procurar outros fornecedores. "Eu comprava de uns produtores de Acopiara, mas por lá as hortaliças estão se acabando", disse.

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