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Cebolicultor gaúcho vive crise


Os cebolicultores de Rio Grande estão enfrentando dificuldades para o novo plantio e alguns até pensam em não se dedicar à cultura neste ano. A situação decorre de uma safra em que as perdas chegaram a quase 70% na maioria das propriedades. O técnico-agrícola Paulo Costa, do escritório local da Emater, diz que os produtores de cebola estão descapitalizados e não têm sementes. 'Existem poucas delas certificadas no mercado e estão muito caras. O quilo custa entre R$ 250 e R$ 300. Para plantar um hectare, o cebolicultor precisaria de R$ 3,5 mil e se encontra sem dinheiro', afirmou.

No ano passado, o preço do quilo da semente custava entre R$ 50 e R$ 60. Segundo Costa, mesmo os que dispõem de condições para realizar financiamento bancário não conseguirão toda a verba necessária. 'Se este quadro continuar, 40% da área que costuma ser plantada ficará sem cebola', concluiu. O município de Rio Grande geralmente cultiva mil hectares com cebola. A comercialização da safra passada, no final, alcançou bom preço - R$ 0,50 - mas os cebolicultores não tinham produto para vender. Devido ao excesso de chuva e à ocorrência de doenças, a produção teve sua qualidade prejudicada. O cebolicultor Flávio Carvalho, da Associação dos Produtores e Pescadores da Ilha dos Marinheiros, relatou que sua 'situação é precária', como a do restante do segmento. 'Tivemos peste na cebola e receio que isso ocorra de novo. Não existem as mínimas condições de plantar', salientou. Na safra passada, ele cultivou um hectare, colheu 1,5 mil quilos e não conseguiu vender, já que o produto era miúdo e não apareceu comprador. Carvalho observou que a perspectiva para 2003 é péssima e pensa em semear só 1,5 quilo.

Robeli Corrêa, outro produtor da região, contou que teve quase 100% de perda na safra passada e se acha descapitalizado, pois investiu e não houve retorno. 'Nem sei se vou plantar cebola, pois não paguei as dívidas anteriores e é difícil fazer novas', ponderou. Ele plantou 1,5 hectare e deveria ter colhido de 28 a 30 mil quilos, mas conseguiu vender 1,5 mil quilos. Corrêa entende que é preciso a renegociação da dívida, para os produtores terem crédito outra vez. Ele fez financiamento com o Pronaf Custeio, que está em processo de renegociação.

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