CI

Cenários futuros no mercado energético garantem destaque à cana-de-açúcar

Pesquisador acredita que o mercado internacional será dominado por quem detiver os processos mais avançados e competitivos


"O diferencial competitivo no mercado internacional de agroenergia, e sua própria sobrevivência, dependerá do domínio da tecnologia agronômica avançada – especialmente da biotecnologia, dos processos de transformação da matéria-prima em energia e dos processos envolvidos nas biorefinarias". Este é o cenário apresentado pelo pesquisador da Embrapa Soja de Londrina (PR), Décio Luiz Gazzoni sobre o impulso desenfreado vivenciado pelos biocombustíveis, se comparado a outras fontes de energia renovável.


Em palestra durante o XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo sobre o cenário futuro para o milho e o sorgo frente à demanda de alimentos e produção de energia, o pesquisador acredita que o mercado internacional será dominado por quem detiver os processos mais avançados e competitivos. "Não existe, de forma isolada, uma cadeia produtiva de agronergia. A produção de agronergia está fortemente entrelaçada com a produção de alimentos e outros produtos tradicionais da agricultura e o encarecimento destas matérias-primas demandará fortes investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação", defende.

Segundo Gazzoni, é urgente o desenvolvimento de processos eficientes e que permitam utilizar matéria-prima genérica – em especial resíduos e dejetos – que fogem da competição com a área nutricional. E uma das conseqüências deste cenário, de acordo com ele, já será sentida na próxima década. "Uma grande revolução será a incorporação do conceito das biorefinarias, extraindo da biomassa substâncias químicas de alto valor intrínseco, que viabilizarão o negócio em seu conjunto", prevê.

O Brasil ocupa uma posição favorável na matriz energética mundial, já que 47% é o percentual ocupado por sua energia renovável. E em 2008, a energia proveniente da cana-de-açúcar já ocupa o segundo lugar de importância no Brasil, atrás apenas da cadeia do petróleo. Apesar do baixo custo de produção e facilidades de cultivo e processamento, continua Gazzoni, a necessidade de combustíveis para transporte e para a geração de energia demandará novas fontes de aproveitamento da biomassa.

Segundo o pesquisador, a cana-de-açúcar deverá ocupar posição de destaque na produção de etanol em um cenário vislumbrado até 2030, já que é "uma planta excepcional do ponto de vista energético e custo de produção relativamente barato para o mercado a que se destina". "Embora a monocultura seja condenável, as condições do mercado brasileiro e internacional restringirão a participação de outras fontes de matéria-prima, aí incluídas tanto o milho quanto o sorgo, devido às baixas margens e necessidade de escala", conclui Décio Gazzoni.


GRÃOS – O mercado mundial de milho deverá continuar aquecido, em especial pela demanda dos países emergentes. De acordo com as projeções do pesquisador, a utilização do cereal como energia nos Estados Unidos deve perdurar por, no máximo, 15 anos, até que novas tecnologias ganhem espaço e competitividade comercial, eliminando, então, o milho do mercado energético. Nesta conjuntura, a previsão, segundo ele, é de preços elevados, sustentados tanto pela demanda nutricional mundial quanto pelo nicho energético nos Estados Unidos, o que estimula a produção de milho no Brasil.

Em relação ao sorgo, analisa Gazzoni, há um enorme diferencial de competitividade em relação à cana-de-açúcar, "o que limita as oportunidades de seu uso energético em larga escala". Segundo ele, as oportunidades deste cereal estarão destinadas a nichos específicos nos quais sua competitividade se sobressaia à da cana-de-açúcar. No entanto, o acerto na estruturação da sua cadeia produtiva e o alinhamento dos sistemas de produção agrícola e industrial sintonizados com a logística e com o sistema de distribuição e comercialização de biocombustíveis no país são alguns dos desafios neste caminho. As informações são da assessoria de imprensa da Embrapa.

Serviço:

Evento: XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo
Local: Centro de Exposições e Eventos - Londrina (PR)
Data: de 31 de agosto a 04 de setembro

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.