CI

Cenários prevêem mudanças na geografia de produção

A nova geografia de produção, na visão dos pesquisadores, trará, se concretizada, mudanças profundas no cultivo das principais commodities, como o milho e a soja


A interpretação de dados climáticos por pesquisadores e cenários previstos para os próximos 60 anos por instituições como o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) trarão mudanças na geografia de produção das principais culturas agrícolas brasileiras. Esta é a visão apresentada pelos pesquisadores durante o painel sobre o tema apresentado no XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo que acontece até amanhã, em Londrina (PR). “A pesquisa deve se antecipar ao que já vem ocorrendo. É urgente o desenvolvimento de cultivares tolerantes à seca e às altas temperaturas, cenário previsto para as próximas décadas”, alerta Eduardo Delgado Assad, pesquisador da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP).


A nova geografia de produção, na visão dos pesquisadores, trará, se concretizada, mudanças profundas no cultivo das principais commodities, como o milho e a soja, principalmente. “A soja será uma das culturas mais ameaçadas. Se não houver soluções que envolvam a biotecnologia e mudanças no comportamento do homem, como a redução da emissão de gases de efeito estufa e do dióxido de carbono, haverá uma redução de até 40% na área plantada”, antecipa Assad, prevendo a situação para 2070. A segunda safra do milho ou safrinha, segundo ele, também poderá sofrer uma redução significativa, já que os cenários para o futuro prevêem o atraso das chuvas de fim de ano.

Outras culturas – como o algodão, o café e as frutas de clima temperado, como a maçã – também serão cultivadas em novas regiões. Para o pesquisador, a região Nordeste não ofereceria mais condições climáticas para o cultivo do algodão. As áreas cultivadas com café seriam reduzidas e se concentrariam em algumas regiões do sul de São Paulo, sul de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. E as frutas de clima temperado deixariam de ser produzidas também em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. “Há discussões, inclusive, sobre o cultivo da banana nestes dois Estados para os próximos anos”, completa.

Demanda por alimentos – Por outro lado, algumas culturas seriam beneficiadas caso este cenário venha a ser o predominante. O cultivo da cana-de-açúcar, por exemplo, seria expandido para diversos estados brasileiros, assim como o estímulo ao café robusta no Espírito Santo, que seria beneficiado pelas altas temperaturas. “O preocupante, caso as mudanças climáticas realmente aconteçam, são as conseqüências para o programa de abastecimento de alimentos no Brasil”, descreve Eduardo Assad. “Há necessidade urgente de mais recursos humanos e financeiros para instituições com pesquisas na área. As mudanças climáticas trarão impactos e nortearão o melhoramento genético de cultivares”, reforça o pesquisador Hilton Silveira Pinto, do Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura da Unicamp.


Soluções – As previsões futuras e seus efeitos negativos na agricultura têm na biotecnologia e em práticas sustentáveis, segundo os pesquisadores, as principais estratégias para vencer um dos desafios propostos pelo XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo. “Soluções biotecnológicas, se aplicadas às culturas do milho e da soja, por exemplo, podem reverter o quadro de escassez de água no futuro”, afirma Assad, da Embrapa, se referindo à prospecção de genes que conferem tolerância ao estresse hídrico nas culturas. “A resposta pode estar na própria biodiversidade brasileira. É urgente o desenvolvimento de pesquisas nesta linha”, antecipa o pesquisador.

Entre as alternativas sustentáveis de produção agrícola, estão as tecnologias de integração lavoura-pecuária-floresta, o plantio direto e os sistemas agrosilvipastoris, capazes de otimizar o processo de seqüestro de carbono e impedir a abertura de novas áreas, além de reduzirem a emissão de gases de efeito estufa. O tema foi debatido durante o XXVII Congresso Nacional de Milho e Sorgo, realizado pelo Iapar (Instituto Agronômico do Paraná), a Embrapa Milho e Sorgo e a Embrapa Transferência de Tecnologia, Unidades da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). A promoção é da ABMS (Associação Brasileira de Milho e Sorgo). As informações são da assessoria de imprensa do evento.

Assine a nossa newsletter e receba nossas notícias e informações direto no seu email

Usamos cookies para armazenar informações sobre como você usa o site para tornar sua experiência personalizada. Leia os nossos Termos de Uso e a Privacidade.