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Centro-Sul brasileiro deve produzir volume recorde de açúcar em 2020/21

Cinturão canavieiro do Brasil tem expectativa de atingir maior volume de açúcar já registrado



Foto: Pixabay

Preços internacionais, câmbio e coronavírus elevam fabricação do adoçante para 37,4 milhões de toneladas, avanço anual de 39,8%

O cinturão canavieiro do Brasil tem expectativa de atingir maior volume de açúcar já registrado, de 37,4 milhões de toneladas no ciclo 2020/21, segundo revisão divulgada nesta quarta-feira (03) pela INTL FCStone, representando avanço anual de 39,8%. 

Em paralelo, a produção de etanol de cana é calculada em 25,8 milhões de m³, retração anual de 18,3%. Especificamente, espera-se que sejam destilados cerca de 17,4 milhões de m³ de hidratado (-21,5%) e 8,5 milhões de m³ de anidro (-10,8%). 

A estimativa para o mix açucareiro de 2020/21 foi elevado para 47,2%, aumento de 5,1 pontos percentuais em relação à projeção realizada em março pelo grupo, e aumento de 13,1 pontos percentuais no comparativo com 2019/20.

“Algumas empresas não somente devem ampliar, mas maximizar o direcionamento de cana para a produção de açúcar”, afirma a INTL FCStone, em relatório. Inicialmente, as medidas restritivas à circulação de pessoas e veículos têm limitado significativamente o consumo de combustíveis no Brasil.

Em meio à menor procura nas bombas e ao início da safra no Centro-Sul, os preços do etanol despencaram e chegaram a atingir R$ 1,60/L PVU (Posto-Veículo-Usina) com base em Ribeirão Preto no fim de abril. 

Atualmente, vendedores ofertam seu produto a níveis mais elevados, pois o preço de referência de algumas usinas (retorno líquido, obtido quando os impostos são descontados) chegou a se posicionar abaixo do custo médio de produção. Ainda assim, a remuneração obtida com a produção de etanol é significativamente inferior à do açúcar.

Apesar disso, o maior apetite pela fabricação de açúcar por usinas do cinturão canavieiro não está relacionado somente ao ambiente negativo para o etanol, mas também à própria dinâmica de mercado da primeira commodity. Por mais que as cotações internacionais do #11 operem em um menor patamar de preço frente ao início de 2020, com o vencimento mais ativo do demerara oscilando nos arredores dos US¢ 10-11/lb nas últimas semanas, o câmbio brasileiro manteve as cotações em R$/t sustentadas.

A estimativa para o ATR médio foi elevada pela INTL FCStone em relação à publicação de março, em cerca de 1,2 kg/t, para 139,2 kg/t, valor que é 0,4% superior à temporada anterior e se posiciona como o maior dos últimos 9 anos.

O processo de maturação dos canaviais deve ser beneficiado pelas chuvas mais escassas no Centro-Sul. O início da safra atual já reforçou essa tendência, com a concentração de açúcares atingindo 121,8 kg/t na segunda quinzena de abril e superando em 9,1% o valor registrado na mesma época de 2019/20. 

A conjunção dos dois indicadores apresentados anteriormente fez com que a projeção para o ATR total – ou a quantidade de matéria-prima que, de fato, será transformada pela indústria – crescesse para 83,2 milhões de toneladas, superando a última estimativa em 0,8 milhão de toneladas e avançando 1,7% no comparativo safra-a-safra.

Etanol de milho

As perspectivas para a produção de etanol de milho foram reduzidas pela INTL FCStone, em relação à estimativa de março, em cerca de 0,2 milhão de m³, para 2,3 milhões de m³. Além da retração na demanda geral por combustíveis esperada para 2020/21 (abr-mar), a revisão do grupo considera que, apesar da crescente capacidade de produção nos últimos anos, a implementação de novos projetos deverá ser postergada em meio à crise atual.

Ainda assim, a estimativa de produção representa crescimento de 39,1% em relação à safra 2019/20. “Algumas empresas originaram o milho utilizado como matéria-prima de forma antecipada às valorizações recentes do cereal, observadas entre o último trimestre de 2019 e o primeiro trimestre de 2020. Com isso, as margens brutas de produção foram preservadas, ainda que parcialmente, em meio às quedas das cotações do biocombustível”, explica o grupo, em relatório.

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