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Cereais de inverno podem substituir milho na ração

Resultados mostram que o trigo e o triticale são os cereais com maior potencial


Foto: Lucas Scherer

Com o milho valorizado as criações de suínos e aves perdem na relação de troca. Por isso pesquisadores buscam alternativas para substituir o cereal na ração dos animais e diminuir a dependência do milho. Estudos desenvolvidos na Embrapa Trigo (RS) e na Embrapa Suínos e Aves (SC) apontam que cereais de inverno, como trigo, aveia, centeio, cevada e triticale, são opções viáveis para substituir o milho na formulação de rações e concentrados para alimentar suínos e aves.

O resultado amplia o mercado para os cereais de inverno, que ocupam cerca de 20% da área potencial de cultivo e poderiam aproveitar áreas ociosas de cerca de 6 milhões de hectares no inverno, especialmente em Santa Catarina e Rio Grande do Sul. 

Os pesquisadores avaliaram a viabilidade econômica e nutricional no uso de cereais de inverno na composição de rações, além da caracterização de cultivares mais adequadas à alimentação de suínos e aves. Os resultados mostram que o trigo e o triticale tem bom potencial para substituir o milho e o farelo de soja, no entanto, os valores nutricionais desses cereais são variáveis, dependendo da cultivar, do local e ano de produção. Por isso, é fundamental a avaliação de cada lote dessas matérias-primas antes de seu uso na produção de rações. 

Outro bom resultado é notado na cevada. Conforme as avaliações nutricionais, os níveis ótimos para inclusão do trigo e do triticale na ração de suínos ficam ao redor de 35%, enquanto para a cevada esses níveis ficam entre 20% e 25% a partir da fase de crescimento. No caso dos frangos de corte e poedeiras, recomenda-se níveis de 20% a 30% de inclusão de trigo ou triticale, e até 20% de cevada na ração a partir da fase inicial. 

Entenda o impacto 

Para se ter ideia do impacto a produção de milho no Brasil chegou a 100 milhões de toneladas na safra 2019/20. Desse volume, 43 milhões de toneladas têm como destino as exportações e outras 4,5 milhões de toneladas vão para a produção de etanol. Do total de grãos destinados ao consumo interno, mais da metade é utilizada para a alimentação animal. Cada brasileiro consome, em média, 43 kg de frango e 15 kg de carne suína por ano. Para atender essa demanda, é necessário produzir cerca de 30 milhões de toneladas de grãos como milho, trigo, soja e outros.

Somente para atender à demanda da indústria de proteína animal, que ano passado contabilizou uma produção de 2,7 milhões de toneladas de suínos e quase oito milhões de toneladas de frango, foram necessários 21,5 milhões de toneladas de milho. O déficit de milho na Região Sul é suprido pelos grãos trazidos do centro-oeste do Brasil, com custos de logística que sobrecarregam a produção.

*com informações da Embrapa
 

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