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Chicago: intenção de plantio de soja com recuo de 5% na área

em um ano a média do bushel, para o primeiro mês cotado, recuou 13,8%


A soja em Chicago trabalhou, nesta primeira semana de abril, digerindo os números dos relatórios de intenção de plantio e estoques trimestrais anunciados pelo USDA no dia 29/03. A partir daí os preços oscilaram bastante, porém, somente conseguindo romper o teto dos US$ 9,00 no fechamento desta quinta-feira (04/04) quando o bushel ficou em US$ 9,06, contra US$ 8,89 uma semana antes. A média de março fechou em US$ 8,96/bushel, contra US$ 9,10 em fevereiro e US$ 10,39/bushel em março de 2018. Assim, em um ano a média do bushel, para o primeiro mês cotado, recuou 13,8%.

Quanto aos relatórios, o USDA indicou uma intenção de plantio de soja com recuo de 5% na área estadunidense neste ano, ficando a mesma em 34,2 milhões de hectares. Em contrapartida, o milho deverá crescer 4% em área. Em princípio altista para as cotações, pois o número ficou abaixo da expectativa do mercado e também, contrariamente ao que se esperava, abaixo da área indicada no Fórum Outlook de fevereiro passado (neste Fórum a área esperada era de 34,4 milhões de hectares), tais números foram compensados largamente pelo aumento dos estoques trimestrais de soja nos EUA, na posição 1º de março. O relatório a respeito apontou um crescimento de 29% nestes estoques sobre o mesmo período do ano anterior, com o volume estocado chegando a 74 milhões de toneladas. Este volume é o maior da história para este período.

No restante da semana, o mercado reagiu favoravelmente a uma melhor demanda procedente da China, embora as negociações em torno do litígio comercial entre este país e os EUA não tenham evoluído. Há uma expectativa de que a China venha a importar 91,5 milhões de toneladas de soja no ano comercial 2019/20, a ser iniciado em 1º de outubro próximo. No ano 2018/19 a China deverá fechar com 88 milhões de toneladas importadas, contra 94,1 milhões em 2017/18. Aliás, o mercado agora se volta para o novo relatório de oferta e demanda a ser anunciado neste próximo dia 09/04. 

Por outro lado, as exportações líquidas de soja por parte dos EUA, para o ano comercial 2018/19, somaram 181.800 toneladas na semana encerrada em 21/03, ficando 85% abaixo da média das últimas semanas. Para o ano 2019/20 o volume ficou em 17.100 toneladas. No somatório dos dois anos o volume ficou bem abaixo do que o mercado esperava, que era entre 600.000 e 1,6 milhão de toneladas.

Além disso, continua a preocupação em torno do excesso de chuvas no Meio Oeste estadunidense, fato que poderá atrasar o plantio do milho e deslocar parte desta área para a soja. Em isso ocorrendo, a área final com soja tende a ser maior do que a intenção de plantio anunciou. Neste sentido, no último dia útil de junho será anunciada a área definitiva semeada com a safra de verão nos EUA.

No Brasil, diante de Chicago relativamente estável e um câmbio em leve recuo, ao trabalhar ao redor de R$ 3,87 na segunda metade da semana, os preços locais da soja cederam um pouco. O balcão gaúcho fechou a semana em R$ 71,33/saco, enquanto os lotes recuaram para R$ 72,50 a R$ 73,00/saco no encerramento da semana. Nas demais praças nacionais os lotes oscilaram entre R$ 63,00/saco em Sorriso (MT) e R$ 77,00 em Campos Novos (SC), passando por R$ 73,00 no norte do Paraná; R$ 66,50 em São Gabriel (MS); R$ 66,50 em Goiatuba (GO); R$ 67,00 em Pedro Afonso (TO) e R$ 69,00/saco em Uruçuí (PI). No geral, o mercado interno da soja trabalhou bastante calmo durante a semana. 

A colheita no país, até o dia 29/03, atingia a 76% da área total, contra 70% na média histórica, sendo 33% no Rio Grande do Sul, contra 22% na média; 84% no Paraná, contra 85%; 99% no Mato Grosso, contra 95%; 99% igualmente no Mato Grosso do Sul, contra 98%; 91% em Goiás, contra 90%; 92% em São Paulo, contra 89%; 87% em Minas Gerais, contra 72%; 34% na Bahia, contra 23%; 26% em Santa Catarina, contra 34%; e 56% no conjunto dos demais Estados produtores, contra 37% na média. (cf. Safras & Mercado)

Enfim, os prêmios nos portos brasileiros giraram entre US$ 0,03 e US$ 0,42/bushel, permanecendo muito baixos diante da pressão da colheita e pela menor demanda potencial chinesa pela soja brasileira na medida em que, desde janeiro, a mesma voltou a comprar dos EUA. Na verdade, os prêmios no Brasil voltaram à normalidade de antes do início do litígio comercial entre as duas potências econômicas da atualidade. Tanto é verdade que em abril de 2017, ou seja, um ano antes de o litígio comercial se iniciar, os prêmios giravam entre US$ 0,07 e US$ 0,46/bushel. Já no início de abril do ano passado, após um mês do começo da “guerra” comercial entre EUA e China, os prêmios chegavam entre US$ 0,83 e US$ 1,22/bushel. Portanto, mesmo em havendo um acordo definitivo entre aqueles dois países, os prêmios no Brasil dificilmente irão baixar mais, pois já absorveram tal possibilidade.
 

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