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China deve reduzir em 13,6% importação de soja em 2005


O mercado recebeu com desconfiança a notícia de que a China reduziu em 13,6% sua estimativa de importação de soja para o período 2004/05 (outubro a setembro). Pequim é, atualmente, o maior cliente da soja brasileira e responde, em média, por 30% das vendas externas nacionais. O país é, atualmente, o maior "player" no mercado da oleaginosa.

O Centro Nacional de Informações sobre Grãos e Óleos da China, órgão filiado ao departamento estatal de grãos, prevê que o país importará 19 milhões de toneladas de soja, abaixo da previsão anterior, que era de 22 milhões de toneladas. A redução é resultado da colheita de uma safra recorde.

Embora a nova estimativa seja quase 12% maior em relação às 17 milhões de toneladas importadas pela China em 2003/04, o volume ainda é considerado muito pequeno. "Prefiro esperar por uma confirmação oficial da estimativa e checar os dados com outros consultores", diz Sérgio Mendes, diretor-executivo da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec).

Há quatro anos, a China assumiu o posto de maior cliente da soja brasileira. Em 2003, Pequim importou 6,1 milhões de toneladas do País. Em 2004, a expectativa era de que as vendas seriam substancialmente menores em razão do embargo às exportações brasileiras. A China rejeitou cargas com o argumento de que estavam contaminadas com sementes. As sementes são tratadas com um produto considerado impróprio para consumo humano.

Embora alguns navios tenham sido rejeitados, os exportadores foram capazes de manter os embarques em 6 milhões de toneladas. O resultado contraria projeções iniciais do setor, que esperava que os embarques poderiam cair para até 5 milhões de toneladas.

Entre janeiro e setembro deste ano, o Brasil embarcou 5,6 milhões de toneladas de soja para a China, informa a Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Estimativa para 2005:

Para o ano de 2005, Mendes esperava que os embarques para a China subissem para 8 milhões de toneladas de soja. Após o anúncio do governo chinês, ele teme que esse volume possa ser menor. "Se as importações chinesas forem realmente menores, isso certamente terá reflexos sobre as esmagadoras brasileiras", diz.

As importações chinesas, provenientes principalmente dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina, atendem a cerca de metade da demanda chinesa pelo grão.

De acordo com dados oficiais, a China colheu volume recorde de produção, de 18 milhões de toneladas de soja nesta safra.

Para Renato Sayeg, da Tetras Corretora, Pequim dificilmente importará volume inferior a 20,5 milhões de toneladas. "A demanda deles é crescente. Muitas esmagadoras foram construídas nos últimos anos, um indicador de que a soja deve continuar entrando no país", diz.

De acordo com o Banco Mundial, a economia chinesa deve crescer 8% em 2005. O desempenho é superior à média mundial, que deve ser de aumento de 4,4%. "Com o aquecimento da economia chinesa, a população passa a se alimentar melhor, e não é segredo para ninguém que lá as carnes mais consumidas são a suína e a de frango, duas criações grandes consumidoras de milho e farelo de soja", afirma.

Estima-se que o consumo chinês de soja feche 2004/05 em 37,7 milhões de toneladas, volume quase 10% maior que o apurado no período anterior. Em razão da perspectiva de aumento da demanda, Sayeg estima que a China importe entre 20,5 milhões e 21,5 milhões de toneladas de soja.

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