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China mira transgênicos contra monopólio ocidental

A “segurança em grãos” foi identificada como uma das prioridades do governo da China


Foto: Marcel Oliveira

A China deve reforçar a pesquisa e o desenvolvimento de biotecnologia de melhoramento de sementes nos próximos cinco anos, em especial a edição de genoma, além de criação de variedades geneticamente modificadas. O objetivo, revelam especialistas, é “quebrar o monopólio atual do Ocidente no mercado de sementes” e “proteger o progresso agrícola do país e a segurança alimentar”.

A “segurança em grãos” foi identificada como uma das prioridades do governo da China, por autoridades chinesas em agricultura e tecnologia, revela o portal especializado Agropages. Nesse contexto, os transgênicos e outros avanços são vistos como a chave para gerar safras de maior produtividade em um curto espaço de tempo.

“O desenvolvimento da futura biotecnologia de sementes na China é promissor. A pesquisa básica do país em botânica e safras agrícolas é líder mundial, exemplificada pelo plantio de arroz e trigo. Também nos destacamos na identificação de genes de culturas especiais, o que estabelece uma base sólida para futuro da P&D”, disse Li Jiayang, geneticista da Academia Chinesa de Ciências em um fórum realizado em Pequim na terça-feira.

Li Jiayang ressalta que muitas tecnologias GM (geneticamente modificadas) ainda não foram aporvadas comercialmente na China, enquanto mesmo já estando liberadas em países ocidentais que são ao mesmo tempo concorrentes e fornecedores. 

“A China compra grande volume de sementes no exterior todos os anos. Se o país conseguir avanços em futuras inovações biotecnológicas, as ‘sementes nativas’ poderiam evoluir para se tornarem mais competitivas e até reivindicar uma posição nos mercados estrangeiros”, disse Zhu Jiankang, membro da Associação Americana para o Avanço da Ciência e diretor do Centro de Biologia de Estresse de Plantas de Xangai da Academia Chinesa de Ciências.

Os analistas convergiram em apontar que a geração futura de sementes abrirá caminho para que a China modernize totalmente sua agricultura. Isso poderia, segundo eles, aumentar significativamente a renda familiar rural e acelerar o processo de urbanização da China.

A taxa de autossuficiência de grãos da China é de cerca de 85%, aponta o jornal chinês Global Times. Em 2018, a China importou US$ 475 milhões em sementes. Em 2019, o valor do mercado interno de sementes da China foi de apenas US$ 18,25. A contribuição da tecnologia de sementes para o aumento da produção agrícola é de cerca de 40% na China, enquanto a porcentagem nos Estados Unidos é de cerca de 60%, de acordo com dados fornecidos por Li Jiayang.

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