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Chuva compromete fruticultura no Nordeste


As chuvas que inundaram a região do Vale do São Francisco em janeiro e fevereiro causaram perdas à produção e à exportação de frutas, segmento que está entre os mais promissores do agronegócio. O índice pluviométrico da região, de 400 milímetros por ano, chegou a 970 nos dois meses. O resultado foi um prejuízo aproximado de US$ 180 milhões.

O Vale do São Francisco tem como principais frutas a manga, com produção anual de 300 mil toneladas, e a uva, com 250 mil toneladas por ano. Em 2003, a região foi responsável por 93% das vendas externas de manga e 97% dos embarques de uva.

A perda acumulada no período está estimada em 24% da colheita anual das duas culturas, e a produção para o segundo semestre ainda é uma incógnita. "O excesso de água e vento derrubou as uvas em formação, o que comprometerá a próxima colheita", avalia Roberto Galvão, superintendente da Associação dos Produtores e Exportadores do Vale do São Francisco (Valexport).

Ele explica que os ventos também impediram a indução floral da manga, método que garante frutos no pé todos os meses do ano. Com isso, a produção seguirá o curso natural, com concentração de volume em outubro e novembro e a conseqüente queda dos preços nessa período.

José Ferreira Rocha, gerente de faturamento do Distrito de Irrigação do Perímetro Senador Nilo Coelho (reúne produtores), observa que haverá quebra de contratos de exportação durante todo o ano por falta de produto para embarque. "O abastecimento no mercado interno também será comprometido", prevê.

Segundo Maurício de Sá Ferraz, consultor do Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), os problemas climáticos no Vale do São Francisco já começaram a comprometer os volumes exportados de manga e uva. No primeiro bimestre, os embarques de manga recuaram 21,9%, para 5,57 mil toneladas. Em receita, a queda foi de 22,4%, para US$ 3,08 milhões.

Já no caso da uva, as perdas só serão sentidas no segundo semestre, época de comercialização da safra plantada. Em janeiro e fevereiro, quando o volume negociado ainda é baixo, as vendas cresceram 74,7% em volume, para 68,7 toneladas, e 92,3% em receita, para US$ 66,7 mil.

Os embarques totais de frutas recuaram em volume 14,2% no período, totalizando 106,1 mil toneladas. Em receita, no entanto, o resultado foi positivo, graças ao investimento de produtores na modernização do plantio e a adoção de variedades de maior valor agregado. O faturamento no período cresceu 6%, para US$ 41 milhões, segundo a Secex.

Para Ferraz, os efeitos da quebra serão sentidos com mais vigor no segundo semestre. "É difícil estimar o volume no ano, mas a receita deve crescer em torno de 15%, graças ao bom desempenho do melão e da maçã, e da entrada de variedades de maior valor agregado", diz.

No primeiro bimestre, liderou a lista de embarques o melão, com receita de US$ 15,1 milhões, 1,49% a mais que o verificado em igual período de 2003. Em volume, no entanto, houve queda de 10,5%, para 35,9 mil toneladas.

"O setor está ampliando a venda de variedades de maior valor agregado, como galia, orange, pele de sapo e cantaloupe, o que garante receita mais alta", explica Francisco Cipriano de Paula Segundo, presidente da Coex - associação que representa produtores de Mossoró (RN), maior pólo produtor de melão do país.

Com vendas consolidadas para toda a Europa, a Coex estima para o ano um crescimento de 10% dos embarques em volume e receita. Em 2003, o pólo exportou 160 mil toneladas, gerando receita de US$ 45 milhões.

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