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Chuva contribui para pior safra em quantidade de produto por tonelada de cana


A colheita da cana-de-açúcar na região Centro-Sul do Brasil no mês de julho teve um aproveitamento de 81%, ou seja, 10% a menos que o mesmo mês do ano passado, o que comprova que o inverno este ano está mais chuvoso que os anteriores, causando prejuízos para a colheita, bem como na qualidade da matéria-prima processada pelas usinas. Este percentual representa 6 dias de colheita parada em julho de 2009, contra 2,5 dias em julho de 2008.

Balanço de safra divulgado hoje pela Unica demonstra que até 31 de julho a região Centro-Sul havia processado pouco mais de 246 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, número superior em quase 15% ao acumulado até esta data na safra passada. O balanço faz, contudo, um comparativo entre a segunda quinzena de julho deste ano e do ano passado, onde se vê uma queda na colheita, no período, de quase 6%.

O reflexo das chuvas neste período, além de prejudicar a colheita, também afeta a qualidade da cana processada. Ainda comparando a segunda quinzena de julho deste e do ano passado, a Unica verificou uma redução de quase 10 kg de ATR na cana direcionada para as usinas. Nos 15 últimos dias de julho deste ano, para cada tonelada processada, foram contabilizados 137,61 kg de ATR, contra 147,54 kg obtidos no mesmo período de 2008.

Segundo nota da Unica, “as chuvas favoreceram o desenvolvimento vegetativo da planta (toneladas de cana por hectare) em junho e julho, tanto nas áreas já colhidas quanto nas áreas a serem colhidas no último terço da safra, porém afetaram a concentração do teor de sacarose na cana. Assim, apesar de condições favoráveis à colheita observadas na primeira quinzena de agosto, a quantidade de produto por tonelada de cana esmagada continuará baixa em conseqüência das condições climáticas de julho”.

Com mais de meia safra já em andamento, até 31 de julho as usinas haviam processado quase 45% do volume estimado inicialmente pela Unica, que era de 550 milhões de toneladas processadas na safra na região Centro-Sul. As perdas acumuladas neste período somam algo em torno de 841 mil toneladas de açúcares totais a menos.

“Até 1º de agosto, a quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana esmagada nesta safra está 3,41 quilos inferior ao acumulado na safra anterior. Mesmo que a partir da segunda quinzena de agosto as condições permaneçam favoráveis à concentração do teor de açúcar, a produção de açúcar e de etanol está comprometida, já com uma redução de 340 mil toneladas de açúcar e 280 milhões de litros de etanol. Há ainda a incerteza quanto às condições climáticas até o final da safra, que impactarão ainda mais o resultado final da safra caso as tendências verificadas até agora se mantenham, comprometendo portanto ainda mais o resultado da safra em termos de quantidade de produtos”, esclarece a nota da Unica.


MIX

O balanço da Unica mostra ainda que 42,7% da cana está sendo direcionada para a produção de açúcar, resultando na produção de quase 12,8 milhões de toneladas da commodity, ou cerca de 20% superior ao mesmo período da safra anterior.

Na segunda quinzena de julho deste ano as usinas da região haviam produzido 2,13 milhões de toneladas de açúcar, quase 6,5% a menos que a mesma quinzena de 2008.

O mix médio das unidades mistas, ainda segundo a entidade, é de 50% da cana direcionada para a produção de açúcar e a outra metade para a produção de etanol. As unidades mistas (que produzem açúcar e etanol) deverão responder no total a 82% da cana processada, enquanto que as destilarias autônomas devem responder por 26% do etanol produzido.

Até 1º de agosto o Centro-Sul havia produzido pouco mais de 10,5 bilhões de litros de etanol, 7,5% acima que o mesmo período de 2008. Na quinzena a comparação registra queda de quase 16,5% na produção, resultado da combinação na redução da moagem e na quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana. A expectativa, ainda segundo a Unica, é que ao final da safra, a proporção de cana destinada à produção de açúcar se mantenha no nível projetado no início do ano, em 42,5%.

O relatório afirma ainda que 10, das 23 novas usinas projetadas para início de safra neste ano, já haviam iniciado a safra. As demais ainda estão em fase de implantação, com perspectivas de moagem até o final da safra.


CONSUMO

A competitividade do etanol em termos econômicos quando comparado com a gasolina, favorável em 22 estados brasileiros, propiciou a entrega pelas usinas de mais de 2 bilhões de litros no mês de julho, sendo mais de 1,5 bilhão de etanol hidratado, o usado nos veículos flex.

Já no quesito exportações, o volume exportado em julho foi de 400 milhões de litros, quase 40% a menos que o mesmo mês de 2008.

No que se refere ao mercado externo de açúcar os números são opostos. Segundo dados do Ministério do Comércio Exterior, em julho o Brasil exportou 2,36 milhões de toneladas do produto, quase 17% a mais que o mesmo mês do ano anterior. Do total exportado, 73% é de açúcar tipo VHP e 27% de açúcar branco, cristal ou refinado.

No acumulado do ano, as exportações da commodity foram 27% superiores, com um total embarcado de 12,7 milhões neste ano contra 9,3 milhões no mesmo período de 2008.

Na conclusão do relatório a Unica destaca que os “fundamentos de mercado são positivos para o setor sucroenergético, com aumento das exportações de açúcar, e preços cotados em dólar muito acima da média histórica, demanda de etanol no mercado interno crescente pela competitividade do combustível renovável frente ao combustível fóssil e do crescimento da frota de veículos flex”.

“Enquanto os preços do açúcar estão remuneradores, mais de 57% da matéria-prima processada estará direcionada para produção de etanol, que ainda convive com preços abaixo dos custos de produção. O baixo aproveitamento de tempo e a quantidade de produtos obtidos por tonelada de cana implicam em maiores custos de produção, principalmente no processamento e na colheita de cana”, destaca o relatório.

A Unica encerra destacando que esta safra será, na análise da entidade, a menor em quantidade de produtos obtida por tonelada de cana dos últimos 10 anos.

Rogério Mian
Fonte: Agência UDOP de Notícias

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