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Chuva é insuficiente para a bacia leiteira

Perda nos ganhos atinge os 40% em municípios como Coqueiros do Sul (RS)


Rebanhos começam a sofrer com a falta de água abundante para o consumo. Perda nos ganhos atinge os 40% em municípios da região, como Coqueiros do Sul

Começa a ficar crítica a situação dos reservatórios de água que alimentam os rebanhos leiteiros nos municípios da região, onde a atividade é alternativa de renda das famílias rurais. Quem alerta para o problema é o secretário municipal da Agricultura de Coqueiros do Sul, Leonir Wentz. De acordo com ele, a água ainda disponível já apresenta um comprometimento na qualidade o que acaba prejudicando o setor leiteiro. “Para compensar o que falta nos reservatórios os produtores estão levando, até os rebanhos, água de poços artesianos”, disse o secretário, lembrando que no interior são 13 pontos com o sistema de fornecimento do produto.


Wentz receia que o clima permaneça por mais tempo sem chuvas em grande quantidade, o que poderá comprometer e até secar os poços artesianos que estão garantindo água ao gado. “Já temos um caso onde um poço, no perímetro urbano, com 180 metros de profundidade secou”, frisa Wentz. Aponta que a deficiência hídrica para ser recuperada necessita de chuvas seguidas, que atinjam no mínimo 200 milímetros.

Ao fazer cálculos dos problemas, o secretário estima que os prejuízos, com a seca, já chegam aos 40%, sendo 25% na redução da produção e mais 15% com a elevação nos custos com a alimentação dos rebanhos, que estão consumindo mais ração. “Os reflexos da estiagem estão deixando os nossos agricultores preocupados, pois permanecendo as chuvas desuniformes como vem ocorrendo, à situação tende a ficar ainda mais grave”, comenta o secretário.

Segundo ele, na tentativa de amenizar o problema com a falta de água de qualidade o município está buscando recursos financeiros. “Recebemos R$ 51 mil do governo e vamos aplicar o valor na revitalização de poços artesianos, para que não correr risco de secarem o que agravaria ainda mais a situação de falta de água de boa qualidade”, destaca. Wentz confirmou também o investimento de mais R$ 65 mil para ampliar as redes de água no meio rural.

Por outro lado o secretário coloca que as pastagens apresentam boa qualidade, pois as chuvas – mesmo que tenham sido desuniformes variando de 20 a 80 milímetros dentro do município – estão reabilitando os campos verdes. “Os animais tem o que comer. Como disse, o problema é a água”, acrescenta.


Coqueiros do Sul produz uma média diária de 40 mil litros de leite. A atividade está dentro de mais de 400 pequenas propriedades rurais. O secretário defende os projetos que garantam investimentos que possibilitam a construção de açudes maiores, e que suportam estiagens prolongadas. “Aqui temos o exemplo da propriedade do agricultor Iomar Neuberger, em Serra do Pontão, que nesta sexta-feira receberá a visita de mais um grupo de 60 produtores de leite de outros municípios. O grupo vai ver como é possível guardar em reservatórios o excesso da água dos períodos mais chuvosos do ano”, completou Wentz.

Abertura de bebedouros é alternativa em Chapada

Chapada é outro município da região onde os produtores de leite já acumulam perdas acima dos 30%, por causa da seca. De acordo com o secretário de Agricultura e Meio Ambiente, Hélio Stürmer, as chuvas que caíram até o momento serviram para recuperar as pastagens verdes. “Precisamos de uma grande quantidade de precipitações para resolver em definitivo o problema de abastecimento de água dos reservatórios, sangas e açudes, pontos que os animais usam para consumir o produto”, explica Stürmer. Segundo ele, uma alternativa momentânea, mas que traz um certo alento ao produtor de leite, é a abertura de pequenos reservatórios abastecidos com o excedente da água de vertentes, que ainda não foram prejudicadas com a seca.

“Construímos 30 pequenos bebedouros e temos pedidos para abrirmos outros 50”, disse o secretário. Alerta que muitos produtores estão antecipando o uso de silagem na alimentação do gado, o que poderá reduzir os estoques para o período de inverno.

Chapada tem uma bacia leiteira com capacidade de produzir até 120 mil litros de leite. O rebanho é formado por cerca de 10 mil cabeças de gado, que estão em cerca de 900 propriedades rurais.

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