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Chuvas interferem em MT

Ao contrário do que se imaginava, chuvas também ameaçam o milho


Precipitações em excesso podem impactar em razão do grande volume recebido no plantio e na fase de vegetação 

O excesso de chuvas pode comprometer o rendimento do milho segunda safra em Mato Grosso. O alerta vem de produtores de todas as regiões do Estado, onde as lavouras já dão sinais de que as precipitações e o tempo constantemente nublado estão prejudicando o desenvolvimento das plantas. Produtores e técnicos preveem perdas do potencial produtivo, justamente, pelo excesso de umidade registrado durante o plantio e a fase de vegetação. 

Em ano de custo de produção histórico e preços que ainda não remuneram esse investimento, a possibilidade de quebra de produtividade coloca o campo em alerta, já que conforme o Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), as perdas, em um cenário pessimista, podem impor em média prejuízos de cerca de R$ 7,50 por saca, considerando o custo da safrinha e a cotação média para o cereal no Estado. 

O alerta sobre a interferência das chuvas sobre a qualidade do milho safrinha veio ontem do produtor de Tapurah (cerca de 500 quilômetros ao norte de Cuiabá) e vice-presidente Norte da Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado (Aprosoja/MT), Silvésio de Oliveira. “O excesso de chuva na segunda quinzena de fevereiro comprometeu o que havia sido plantado na primeira, além de ter adiado para março o restante do plantio, que ficou fora da janela”. O ideal era que o plantio tivesse sido feito até 25 de fevereiro, em Mato Grosso. 

Mesmo as lavouras de milho plantadas nesse intervalo apresentam qualidade inferior à usual. “As lavouras estão com aspecto amarelado e nossa projeção é de uma queda em torno de 20 sacas no município”, conta o produtor de Nova Mutum, Emerson Zancanaro. 

Segundo o diretor técnico da Aprosoja/MT, Nery Ribas, o excesso das chuvas também tem atrapalhado a aplicação de adubos nitrogenados, que ajudam na nutrição da planta e consequentemente no enchimento das espigas. “A grande quantidade de chuva, que continua, não deixa que o adubo trabalhe com eficácia na planta, devido à capacidade de volatilização que apresenta”. 

Na região oeste, a situação também não é diferente, conta o produtor de Campo Novo do Parecis, Adolfo Petry. “Acreditamos que há possibilidade de redução de produtividade sim”. Ele explica que além do excesso de chuva, a falta de sol e a ocorrência de muitos dias nublados contribuíram para que a planta não absorvesse os nutrientes necessários. A falta de luminosidade e os grandes volumes de chuvas estão sendo observados em todo o Estado. 

ALERTA – Conforme o Imea, as preocupações dos produtores em relação aos resultados do milho safrinha já começam a surgir, especialmente em relação ao seu rendimento financeiro e produtividade. 

O custo de produção total da safra 2013/14 do milho se encerrou em janeiro e apresenta o maior valor para essa cultura da história de Mato Grosso. “A média para a produção de alta tecnologia foi de R$ 1.737,83/hectare no Estado. Considerando-se uma produtividade de 100 sc/ha na produção de alta tecnologia, o custo para se produzir uma saca ficaria em R$ 17,38. Todavia, o valor para a venda do milho não acompanha o mesmo ritmo”, alertam os analistas. 

Apesar das altas sentidas nas cotações do mercado disponível nas últimas semanas, a saca do milho para pagamento e entrega em julho apresenta, atualmente, média mensal de R$ 14,22/sc no Estado, sendo esta R$ 3,16/sc abaixo do custo de produção. “Para tornar essa situação ainda mais preocupante, há sérios riscos de maiores perdas de produtividade em decorrência de cultivos fora da janela ideal”. 

Caso o rendimento caia para 80 sc/ha – dentro de um cenário mais pessimista - o custo de produção de cada saca se elevaria para R$ 21,72, aumentando o prejuízo para R$ 7,50/sc. “Na tentativa de anular os danos com o custo de produção, apenas uma produtividade acima de 120 sc/ha compensaria o preço atual do cereal, algo poucas vezes visto no Estado. Assim, neste ano, a lucratividade fica atrelada à movimentação do mercado, com o produtor à mercê de altas nas cotações na tentativa de atingir o ponto de equilíbrio entre custos e preços”, concluem os analistas. 

SEMEADURA - A semeadura do milho, em Mato Grosso, estará encerrada nesta última semana do mês, diferentemente do que ocorreu na safra passada, quando as atividades foram finalizadas ainda na primeira quinzena de março. Neste ano, até a terceira semana do mês, a semeadura apresenta 99,8% de conclusão. O motivo para se adiar em mais uma semana a conclusão da semeadura do milho continuam sendo as chuvas, que ainda são frequentes, atrapalhando a colheita da soja, cultura que precede o milho. “Com a previsão de conclusão adiada por mais uma semana, o risco de perdas preocupa ainda mais os produtores mato-grossenses”. 

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